Açoriano Oriental
PSP impossibilita entrada de manifestantes em agências do Santander em Ponta Delgada
A PSP impossibilitou hoje a entrada de lesados do Banif em agências do Santander Totta, em Ponta Delgada, Açores, onde queriam reclamar no respetivo livro, durante uma manifestação que começou e terminou na delegação do Banco de Portugal.
PSP impossibilita entrada de manifestantes em agências do Santander em Ponta Delgada

Autor: Lusa/AO Online

 

Empunhando cartazes onde se lia “De que serve poupar, mais vale roubar”, “Queremos as nossas poupanças” e “No roubar é que está o ganho”, clientes do antigo Banif concentraram-se primeiro junto à delegação do Banco de Portugal, onde à porta estavam três agentes da PSP.

Ali, as várias dezenas de manifestantes gritaram “Queremos o nosso dinheiro”, com um deles a sugerir forçar a entrada nas instalações do regulador porque a PSP “não ia dar um tiro a toda a gente”.

Aquelas palavras de ordem repetiram-se ao longo do percurso que levou os lesados ao antigo edifício-sede do Banif, agora do Santander Totta, e a mais duas agências deste banco na cidade.

No primeiro caso, o balcão estava encerrado, embora com polícia à porta, enquanto nos dois outros agentes da PSP colocaram-se à entrada, impossibilitando que os manifestantes acedessem ao interior das agências, onde queriam, todos, pedir o livro de reclamações.

Aos jornalistas, Carlos Presunça, da delegação dos Açores da Associação dos Lesados do Banif (Alboa), entidade organizadora do protesto, lamentou a situação, dizendo que os clientes queriam “entrar apenas para fazer uma reclamação no livro de reclamações do banco”.

“Ninguém estava aqui para fazer mal a ninguém”, garantiu, dizendo que o objetivo era reclamar por que é que a associação ainda não foi recebida pelo Santander Totta e os lesados não têm direito a receber os juros dos produtos subscritos no antigo Banif.

Considerando que o protesto, que decorreu de forma pacífica, visou mostrar “a indignação das pessoas que, de um momento para o outro, ficaram sem os seus haveres”, Carlos Presunça declarou que houve “três tentativas de contacto com o Santander Totta para fazer um acordo de conversações”, mas sem sucesso.

“O que nos resta, e contrariamente àquilo que eles [Santander Totta] nos tinham pedido, é andar com ações de luta deste género”, declarou.

Entre os manifestantes ouviram-se palavras de revolta pela ausência de resolução, como as de José Carlos Vieira, de 69 anos, que aufere uma reforma de 379 euros, que “já não cresce para a farmácia”.

“É no que resta de uma poupança que se vai buscar” o dinheiro para equilibrar as contas do final do mês, disse, explicando que há dias que não consegue dormir, também por saber que não consegue aceder a 60 mil euros que investiu em obrigações no Banif.

E à pergunta como vai fazer quando a poupança acabar, a mulher de José Carlos, Maria Angelina, responde de imediato: “Vamos roubar”.

A Alboa representa clientes que investiram em obrigações do Banif e da Rentipar ('holding' através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação no Banif), assim como em ações do banco.

Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos - incluindo 'tóxicos' - para a nova sociedade veículo.

Em fevereiro, o presidente da Comissão Executiva do Santander Totta disse, nos Açores, após uma audiência com o presidente do Governo Regional, que estava a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif subscritores de obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros.

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