Açoriano Oriental
Projeto de recuperação salva da extinção castas tradicionais nos Açores
O Governo Regional dos Açores tem em curso um projeto de recuperação de castas tradicionais de uvas, que estavam em risco de extinção, tendo criado campos de experimentação em três das nove ilhas do arquipélago, foi hoje anunciado.
Projeto de recuperação salva da extinção castas tradicionais nos Açores

Autor: Lusa/AO Online

Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico são as três castas açorianas que há dez anos estão a ser alvo de estudos e análises, com o intuito de preservá-las e melhorar o recurso genético, de modo a aumentar também a produtividade dos vitivinicultores.

"Foi decidido criar campos de experimentação destas castas, não só para ver o seu comportamento, mas também selecionar os melhores clones, que são as videiras que dão origem a material vegetativo, para ceder no futuro a agricultores", afirmou à agência Lusa o diretor regional da Agricultura, Fernando Moniz Sousa.

Atualmente, há campos de experimentação nas ilhas de São Miguel, Pico e Graciosa, que ocupam uma área total de um hectare de terreno.

O trabalho de campo ao longo do ano envolve, essencialmente, quadros da Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente e um enólogo externo.

O projeto, que só vai até à fase de produção das uvas, foi iniciado há dez anos e passou já para uma segunda etapa, com a criação de campos de multiplicação dos melhores exemplares das castas tradicionais produzidas nos campos de experimentação.

Fernando Moniz Sousa adiantou que só no último ano foram cedidos gratuitamente aos vitivinicultores cerca de dez mil "garfos", permitindo que a vinha e o vinho nos Açores "ganhe uma nova pujança".

"No século XVII havia 16 mil hectares de vinha nos Açores. No final do século XX apenas havia três mil. Foi um setor que as pessoas foram abandonando", disse o diretor regional da Agricultora, destacando que nos últimos anos o setor tem alcançado "novo ânimo", rejuvenesceu e qualificou-se.

Além de São Miguel, Terceira, Graciosa e Pico, ilhas tradicionalmente associadas à produção de vinho nos Açores, Fernando Moniz Sousa revelou que "há outras que começam agora a despertar para o setor", como é o caso do Faial.

"Os vinhos dos Açores sempre foram bons. Se calhar, faltava-lhes à altura um pouco de promoção. Os licorosos tinham alguma fama, mas os brancos não tinham essa projeção. Atualmente, felizmente, existem operadores económicos que estão a trabalhar nessa divulgação e estão a levar o nosso vinho além-fronteiras", afirmou o diretor regional.

Fernando Moniz Sousa destacou, ainda, o facto de cada vez mais conhecedores de vinho elogiarem a produção açoriana pelas suas "características únicas ao nível do paladar", acrescentando que está em curso uma verdadeira "redescoberta do vinho branco dos Açores".

O presidente do Governo Regional anunciou em junho, na ilha Graciosa, que estão em recuperação nos Açores mais de 326 hectares de vinha, um crescimento de área que resulta da estratégia de potenciar o setor vitivinícola, prevista na Agenda Açoriana para Criação de Emprego e Competitividade Empresarial.

Na ocasião, Vasco Cordeiro disse que, entre 2009 e 2013, foram recuperados cerca de dez por cento.

 

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