Progressões dos docentes do superior entre os diplomas que AR debate na quarta-feira
26 de mar. de 2019, 18:59
— Lusa/AO Online
As progressões remuneratórias
são alvo de três projetos de lei, um do Bloco de Esquerda (BE), um do
PCP e outro do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que pretendem uma
clarificação na aplicação dos critérios de progressão pelas
instituições de ensino superior. As
discrepâncias na aplicação dos critérios há muito que são criticadas e
denunciadas pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), que tem
vindo a alertar, inclusivamente o parlamento, para critérios diferentes
na mesma instituição, provocando desigualdades entre docentes da mesma
universidade, mas de faculdades diferentes, por exemplo. Em
causa está o facto de em algumas instituições ter sido possível aplicar
o sistema de pontos que permite progressões quando acumulados 10 pontos
– e que é o critério usado na generalidade da administração pública
enquanto em outras, a maioria, apenas tenha sido possível progredir
mediante a obtenção em seis anos consecutivos da menção qualitativa
‘Excelente’, bastando um ano de interrupção com uma nota inferior,
(mesmo que seja ‘Muito Bom’), para inviabilizar qualquer avanço na
carreira.O sindicato quer que o sistema de
pontos possa ser aplicado a todos os professores do ensino superior,
considerando que seria a solução mais justa para as disparidades que
existem atualmente, e essa solução é agora acompanhada nos projetos de
lei que BE e PAN levam a votação no plenário. Segundo
os dados mais atualizados recolhidos pelo SNESup e disponibilizados à
Lusa, dos 13.228 docentes em condições de progredir de acordo com o
critério dos 10 pontos apenas cerca de 30% dos professores do ensino
superior conseguiram ver essa progressão concedida, um total de 3.791
docentes que representam menos de um terço do universo que poderia ter
subido na carreira.A justificação para os
números está na aplicação, pela grande maioria das instituições, do
critério da avaliação qualitativa que obriga a seis menções consecutivas
de ‘Excelente’, de acordo com o previsto nos seus regulamentos
internos, mas que é mais restritivo que o regime geral utilizado na
administração pública – o sistema de 10 pontos – e que está a provocar
discrepâncias nas progressões em idênticas situações de carreira.Ainda
de acordo com os dados do SNESup, o montante alocado pelas instituições
de ensino superior ao pagamento das progressões aos docentes no caso em
que elas aconteceram ronda os 6,72 milhões de euros.À
votação do plenário vão hoje três projetos de lei e um projeto de
resolução do PSD, quatro projetos de lei do PCP, dois projetos de lei do
BE, dois projetos de resolução do CDS-PP e um projeto de lei do PAN.A
sessão plenária dedicada ao ensino superior decorre de um agendamento
potestativo do PSD (direito de um partido fixar a ordem do dia na
Assembleia da República) e terá como tema “Levar o Ensino Superior mais
longe: mérito, autonomia e responsabilidade”.Entre
as preocupações dos sociais-democratas estão as diferentes taxas e
emolumentos cobrados nas instituições públicas, e pretendem limitar os
valores cobrados aos alunos, assim como uma clarificação dos que estão
incluídos nas propinas anuais.Outro dos
projetos-lei apresentados pelos sociais-democratas pretende estimular o
ensino superior nos territórios de baixa densidade, criando, por
exemplo, cursos de dupla titulação (títulos atribuídos por duas
instituições) e o programa Erasmus+ Interior, com bolsas para estudantes
que façam um semestre em instituições em regiões de baixa densidade –
uma ideia já apresentada no documento sobre ensino superior produzido
pelo Conselho Estratégico Nacional do PSD.Alterar
o regime jurídico da avaliação do ensino superior – adequando-o “aos
padrões europeus” – e uma recomendação ao Governo para que crie
incentivos aos estudantes lusodescendentes e os portugueses emigrados
que pretendem frequentar o ensino superior público português são as
outras duas iniciativas do PSD que irão a debate e a votos.O
CDS-PP recomenda ao Governo ações para avaliação do ensino superior e
quer também clarificar procedimentos para captar estudantes
lusodescendentes e emigrantes para as instituições do ensino superior,
propondo um programa específico para lusodescendentes com origem na
Venezuela.O PCP, para além do diploma das
progressões remuneratórias, apresenta ainda projetos relativos à ação
social escolar e ao financiamento do ensino superior público e para
revogar o regime fundacional.