Autor: Lusa / AO online
É completamente sozinho que Jerónimo Abreu Lima, 59 anos, passa os seus dias no olival que possui em Vale de Madeiro, concelho de Mirandela.
A falta de mão-de-obra e os levados preços cobrados pelos assalariados que tornavam a apanha "inviável", fizerem este produtor transmontano investir em maquinaria, com a qual faz agora todo o trabalho no olival.
"Se não fossem as máquinas não havia hipótese de apanhar a azeitona porque quase não há quem queira trabalhar na agricultura", afirmou à Agência Lusa.
O investimento rondou os 100 mil euros, mas que, segundo disse, "acabou por compensar ao longo do tempo".
Jerónimo Abreu Lima recorre a uma vibradora multi-direccional para apanhar a azeitona, uma máquina que abre uma lona em volta da oliveira e que abana a árvore de forma a que o fruto caia em cima dessa mesma lona, faz a poda com uma tesoura eléctrica ou a uma trituradora para arrancar as infestantes dos terrenos.
Com a máquina vibradora multi-direccional, o produtor apanha sozinho tanta azeitona num dia como 20 pessoas nos moldes tradicionais, recorrendo a varas e a estender lonas no chão.
O seu recorde pessoal está nos seis mil quilos que, no ano passado, conseguiu apanhar em apenas um dia.
Nos cerca de 48 hectares, correspondentes a cerca de oito mil oliveiras, Jerónimo Abreu Lima produz azeite com a Denominação de Origem Protegida (DOP) premiado internacionalmente.
Em 2009, o azeite "Magna Ólea" conquistou em 2009 a medalha de ouro no concurso do Conselho Olivícola Internacional, Mário Solinas.
"O que o torna o melhor azeite do mundo não sou eu, são elas (oliveiras), é o terreno, o clima e eu só dou uma ajuda a apanhar a azeitona precocemente. Depois o lagar também tem uma forte componente em ter o cuidado na extracção. A azeitona é feito no próprio dia, no máximo no dia seguinte", explicou.
O produtor diz mesmo que é o facto de apanhar a azeitona mais cedo que "dá essa qualidade ao azeite".
Jerónimo Abreu Lima é um dos primeiros produtores a começar a apanhar a azeitona na região transmontana, esperando uma produção de cerca de 60 toneladas.
"Em princípio vai ser um bom ano de azeite. Já fiz uma primeira laboração e o azeite está a sair bem", salientou.
No entanto, por causa da seca as oliveiras estão a comportar-se como se estivessem na Primavera e, por isso, estão a descascar um pouco com a vibração da máquina
"Se continuar assim tenho que suspender a apanha para não estragar as árvores e correr o risco de virem geadas e estragarem o azeite", salientou.