Açoriano Oriental
Primeiro-ministro defende que reposição dos feriados é ato fundamental de pedagogia cívica
O primeiro-ministro defendeu hoje que a reposição dos quatro feriados nacionais, suspensos em 2012, foi um ato de "pedagogia cívica" e não baseado em facilitismo ou populismo político, advertindo que só há futuro com memória histórica coletiva.
Primeiro-ministro defende que reposição dos feriados é ato fundamental de pedagogia cívica

Autor: Lusa/AO Online

 

Palavras proferidas por António Costa na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Lisboa, numa cerimónia de referenda da lei que restabelece quatro feriados nacionais, dois civis (5 de Outubro e 1.º de Dezembro) e dois religiosos (Corpo de Deus e Todos dos Santos) suspensos pelo anterior executivo no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal (PAEF).

Na presença do duque de Bragança, Duarte Pio, e após os discursos do presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Alarcão Troni, e do coordenador do Movimento do 1.º de Dezembro de 1640, o ex-presidente do CDS-PP José Ribeiro e Castro, António Costa defendeu a tese de que nunca os valores históricos, resultantes da memória histórica coletiva, podem subalternizar-se perante valores conjunturais ou mesmo "efémeros".

"Há princípios, valores e acontecimentos fundamentais cuja memória e celebração não podem estar à mercê de cálculos ocasionais, de impulsos ideológicos e de fins propagandísticos, mesmo quando se apresentam sob argumentos que os dissimulam ou disfarçam. É, aliás, esta a raiz de muitos e graves problemas do nosso tempo: A subordinação de valores perenes a interesses efémeros, a confusão entre o essencial e o acessório, a desvalorização do simbólico. A política faz-se com pragmatismo, mas, antes disso, faz-se com valores e princípios em que nos revemos e reconhecemos", acentuou o primeiro-ministro, tendo a ouvi-lo os ministros da Cultura, João Soares, e da Defesa, Azeredo Lopes.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro salientou que a decisão de repor os feriados não se deveu a "facilitismo" ou por ambição de popularidade fácil do ponto de vista político.

"Pelo contrário, foi em nome do futuro que o fizemos e com a profunda convicção de que celebrar as grandes datas da nossa história não é desperdiçar recursos, mas investir no futuro e criar valor para os vindouros", contrapôs.

Para António Costa, a reposição dos feriados nacionais "é justa e necessária" em termos de futuro do país e de preservação da identidade nacional.

"É por isso que o restabelecimento destes feriados deve ser um ato de pedagogia cívica. Temos a obrigação de comemorar as grandes datas nacionais com sentido patriótico, atitude contemporânea e capacidade de mobilizar e unir os portugueses", disse.

António Costa defendeu mesmo que "não há continuidade nacional, nem passagem de testemunho, nem comunidade participada, nem democracia enraizada, nem renovação de gerações sem consciência e sem memória coletivas".

"Temos de saber que Portugal não começou connosco, nem vai acabar connosco. Não há construção de um futuro melhor para todos sem alicerces firmes e sem fundamentos sólidos", acrescentou.

Numa crítica aos argumentos económico-financeiros que estiveram na origem da suspensão dos quatro feriados nacionais, António Costa advogou que "há valores permanentes acima das conveniências conjunturais".

"Ao restabelecer estes feriados, estamos a afirmar que a História, a memória, a cultura e a identidade de Portugal não são valores efémeros, dispensáveis, instrumentais ou secundários que possam ser depreciados, transacionados ou esquecidos em nome de considerações circunstanciais ou de propósitos imediatistas ou utilitaristas", declarou.

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