Presidente da República fala hoje ao país depois de ouvir o Conselho de Estado
Governo/demissão
9 de nov. de 2023, 07:09
— Lusa/AO Online
Na
quarta-feira, o chefe de Estado recebeu no Palácio de Belém os oito
partidos com assento parlamentar, a maior parte dos quais se manifestou a
favor de uma dissolução e convocação de eleições legislativas
antecipadas.No entanto, o PS, que tem
maioria absoluta de deputados, propôs ao Presidente da República a
nomeação de outro primeiro-ministro para chefiar um novo Governo apoiado
pela atual maioria.Marcelo Rebelo de
Sousa comunicou que "falará ao país imediatamente a seguir à reunião do
Conselho de Estado", que está marcada para as 15:00, no Palácio de
Belém, em Lisboa.O Conselho de Estado foi
convocado "ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) e da alínea e), segunda
parte" da Constituição – nos termos das quais compete a este
órgão "pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República", mas
também, "em geral, aconselhar o Presidente da República no exercício
das suas funções".Logo no início atual
legislatura, o Presidente da República avisou que uma eventual saída de
António Costa levaria à dissolução do parlamento, o que mais tarde
reiterou, afastando a formação de outro executivo com a mesma maioria.Ao
longo destes dois anos e meio, especulou-se sobre a possibilidade de
António Costa querer sair a meio da legislatura para ocupar um cargo
europeu, cenário que o próprio afastou.Na
quarta-feira, os partidos pronunciaram-se também sobre a possibilidade
de se permitir a aprovação e a entrada em vigor do Orçamento do Estado
para 2024, em discussão na especialidade no parlamento, com a votação
final global marcada para 29 de novembro, que teve algum
acolhimento apesar da contestação ao conteúdo da proposta do Governo.O
primeiro-ministro apresentou na terça-feira a sua demissão, que o chefe
de Estado aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo,
visando também o seu chefe de gabinete, realizadas no âmbito de
investigações sobre projetos de lítio e hidrogénio e de o Ministério
Público ter anunciado que é alvo de inquérito autónomo no Supremo
Tribunal de Justiça.O atual Governo
resultou de uma dissolução do parlamento, a primeira decretada por
Marcelo Rebelo de Sousa, no início do seu segundo mandato presidencial,
na sequência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 na
generalidade, e que resultou na vitória do PS com maioria absoluta nas
eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro de 2022.Na
quarta-feira, no Palácio de Belém, o PSD defendeu que deve haver
eleições o mais rapidamente possível, permitindo porém aos socialistas
mudarem de liderança.Havendo eleições,
cenário que para os socialistas não é o preferencial, o PS prevê que o
processo interno de substituição de António Costa como secretário-geral
só permita essas legislativas em meados de março.O
Chega disse aceitar eleições entre meados de fevereiro e início de
março, para dar tempo ao PS de escolher um sucessor para António Costa. A
Iniciativa Liberal defendeu eleições no fim de janeiro, como o PCP, que
se manifestou a favor de um calendário semelhante ao da dissolução de
há dois anos.O BE não indicou datas, mas
reiterou que é a favor de eleições que permitam rapidamente resolver a
atual crise política. O PAN não pediu eleições, mas declarou-se
preparado para ir a votos, assim como o Livre, que em caso de
legislativas antecipadas mostrou preferência por janeiro ou início de
fevereiro.