Açoriano Oriental
Presidente da República encontra-se na quinta-feira com o papa Francisco
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encontra-se na quinta-feira com o papa Francisco, numa visita "relâmpago" ao Vaticano, oito dias depois de tomar posse como Chefe de Estado.
Presidente da República encontra-se na quinta-feira com o papa Francisco

Autor: Lusa/AO Online

O encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e o papa está agendado para as 10:00 de quinta-feira, seguindo-se uma reunião com o secretário de Estado da Santa Sé e uma breve visita à Capela Sistina, prevendo-se que, no total, esteja duas horas no Vaticano.

O seu antecessor no cargo, Aníbal Cavaco Silva, demorou seis meses até se deslocar ao estrangeiro, numa visita a Espanha, que Marcelo Rebelo de Sousa também visita, igualmente no final do dia de quinta-feira, encontrando-se com os monarcas espanhóis.

Marcelo Rebelo de Sousa deu uma justificação política e laica para o destino da primeira visita de um Presidente que é católico e tem no atual líder da Igreja Católica uma referência: o Vaticano foi a primeira entidade a reconhecer Portugal como Estado independente.

A independência de Portugal e o título de rei a Afonso Henriques foram reconhecidos pelo papa Alexandre III em 1179.

As referências do agora Presidente da República ao papa Francisco são várias e significativas. No discurso de apresentação da candidatura à Presidência da República, em outubro passado em Celorico de Basto, Marcelo Rebelo de Sousa disse que os portugueses o sabem católico e, sublinhou, "influenciado pelo Vaticano II, concílio bem presente hoje no magistério do papa Francisco".

Marcelo alinhava-se, assim, com o concílio convocado pelo papa João XXIII e concluído por Paulo VI que nos anos 1960 revolucionou a Igreja Católica num processo de abertura sem precedentes e que terminaria, por exemplo, com as missas celebradas em latim e de costas para os fiéis.

Ainda nesse discurso de anúncio de candidatura a Belém, Marcelo citaria o papa Francisco: "Ninguém se salva sozinho".

De cariz eminentemente político foi a citação de Francisco que Marcelo, já Presidente eleito, afirmaria no seu discurso de vitória nas eleições presidenciais de 24 de janeiro.

O Chefe de Estado eleito expressava a sua vontade em "reforçar a coesão social" e comprometia-se a olhar "preferencialmente para os mais pobres, os mais carenciados, os mais dependentes, os mais desprotegidos, os que vivem nas periferias da sociedade de que fala o papa Francisco".

O discurso de tomada posse, na semana passada, a 9 de março, deixou de fora as palavras papais, com Marcelo a eleger citações de Mouzinho de Albuquerque, António Lobo Antunes e Miguel Torga, mas não deixou de referir que a fundação de Portugal, "atestada em Zamora", foi "reconhecida urbi et orbi pela Bula ‘Manifestis Probatum est'".

E se o papa Francisco tem marcado o seu papado pela crítica ao estado atual capitalismo - "Esta economia mata", disse na exortação apostólica Evangelii Gaudium, em novembro de 2013 -, Marcelo pode não ter ido tão longe mas referiu-se "àqueles que a ‘mão invisível' apagou, subalternizou ou marginalizou".

Marcelo quis começar o mandato afirmando que "finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e agravadas injustiças e conflitos sociais" e a defender "uma sociedade em que não haja, de modo dramaticamente persistente, dois milhões de pobres, mais de meio milhão em risco de pobreza, e, ainda, chocantes diferenças entre grupos, regiões e classes sociais".

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, acompanhará, em representação do governo, o Presidente da República na primeira deslocação oficial.

Em comunicado, José Luís Carneiro afirmou que "é uma honra, do ponto de vista institucional, ser o enviado especial do governo na primeira viagem do Presidente, pelo simbolismo e pela importância dos encontros com o papa Francisco e com o rei de Espanha".

 

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