Autor: Lusa / AO online
Assim, Portugal continuará a acolher as edições correspondentes aos anos ímpares, enquanto Espanha atribui o prémio em anos pares, já a partir de 2010.
Joan Tarrida falava durante a cerimónia de entrega da sexta edição do prémio, que distinguiu o escritor João Tordo com o romance "As Três Vidas", editado pela QuidNovi.
A cerimónia decorreu no Museu Municipal de Penafiel e contou com a presença de José Saramago.
Na sua intervenção, o escritor português denunciou a "americanização rapidíssima" por que está a passar a língua portuguesa, com a "entrada violenta de numerosas expressões e termos", agora agravada com a internet e as novas comunicações.
José Saramago defendeu ainda "o regresso ao estudo dos clássicos" - Padre António Vieira, Padre Manuel da Costa e D. Francisco Manuel de Melo - e elogiou todos os autores que já receberam o prémio.
João Tordo, o vencedor da edição deste ano, considerou que este "prémio tem muito mais a ver com o futuro do que com o passado", salientado que faz uma associação "ao nome mais importante das letras do último século".
O jovem escritor disse que receber esta distinção irá provocar-lhe "boas insónias", já que da próxima vez que "escrever um livro" sentirá o "peso de estar associado" ao nome de José Saramago, não podendo "defraudar as expectativas".
Guilhermina Gomes, da Fundação Círculo de Leitores, que presidiu ao júri, revelou que à edição deste ano concorreram 36 livros, oriundos de Portugal, Brasil e África.
João Tordo nasceu em Lisboa em 1975 num ambiente artístico. É filho do cantor Fernando Tordo e de Isabel Branco, ligada ao cinema e mais tarde à moda.
Em 2004, publicou o seu primeiro romance, "Os Homens sem Luz", a que se seguiu, em 2007, "Hotel Memória".
Foi vencedor, em 2001, do prémio Jovens Criadores.
Instituído pela Fundação Círculo de Leitores com o apoio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas - Ministério da Cultura, o galardão celebra a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 1998 ao escritor José Saramago.
Com periodicidade bienal, o prémio tem um valor pecuniário de 25 mil euros e visa "promover a divulgação da cultura e do património literário em língua portuguesa, através do estímulo à criação e dedicação à escrita de jovens autores no domínio da ficção, romance ou novela em língua portuguesa, por escritores com idade até 35 anos".
As edições anteriores do prémio contemplaram Paulo José Miranda (1999 - "Natureza Morta"), José Luís Peixoto (2001 - "Nenhum Olhar"), Adriana Lisboa (2003 - "Sinfonia em Branco"), Gonçalo M. Tavares (2005 - "Jerusalém") e Valter Hugo Mãe (2007 - "O remorso de Baltasar Serapião").