Autor: Lusa/AO online
João da Câmara, no cargo desde junho passado, acrescentou que as autoridades portuguesas querem que Angola "possa ter uma palavra cada vez maior, ter cada vez mais a dizer sobre o desenvolvimento da África Austral, da África em geral e seja um parceiro de Portugal em todos os ‘fora’ internacionais".
"As eleições são um momento importante para o processo político e o processo de consolidação democrática em Angola. É um processo que começou já há uns anos e que teve depois uma interrupção com a guerra", acentuou.
O escrutínio de sexta-feira é um "complemento" daquele processo e constitui igualmente "um momento importante para o processo de desenvolvimento que Angola encetou também desde a paz e, cada vez que tem as suas lideranças e a sua governação legitimada através de eleições, mais esse processo se consolida".
Relativamente à continuação do relacionamento bilateral, que classificou como "muito bom", João da Câmara salientou que esta ligação "não é fruto simplesmente da conjuntura, mas de uma persistência, de uma vontade de ambas as partes em ter um relacionamento especial, que tem a ver com afetos, com história e cultura, língua".
"Tem a ver também com interesses e foi o enquadramento de tudo isso, numa estratégia comum, que fez com que chegássemos ao relacionamento que temos hoje em dia e que é de facto ímpar, pioneiro das relações entre a Europa e a África e que atingiu um nível muito bom", acrescentou.
Sobre o poder de atração de Angola em Portugal, designadamente a chegada de novos emigrantes e o aumento da presença de empresas, o diplomata acha "natural" que um país "que tem um processo de desenvolvimento tão grande e tão repentino" atraia portugueses.
"As pessoas sentem-se muito bem, em casa, onde se fala a mesma língua e as pessoas têm costumes parecidos com os nossos", adiantou.
Em Angola vivem atualmente cerca de 120 mil portugueses e o mercado angolano é já o mais importante para as empresas portuguesas, fora do espaço da União Europeia.
"Há uma presença portuguesa que significa investimento, apesar de não só. Há muitos portugueses que aqui estão a trabalhar para empresas estrangeiras, empresas angolanas, não só para empresas portuguesas. Mas é evidente que há uma quota-parte importante dos portugueses que trabalham para empresas portuguesas, e isso tem um significado em termos de investimento", concluiu.