Autor: Rui Jorge Cabral
A Câmara Municipal de Ponta Delgada está a elaborar um Plano Estratégico
para a Cultura no horizonte 2030, que pretende evitar que a candidatura
de Ponta Delgada/Açores a Capital Europeia da Cultura - Azores 2027
seja um fim em si mesma, deixando no terreno as bases para uma nova
política que ‘convoque’ a Cultura como fator de desenvolvimento do
concelho.
Este Plano Estratégico para a Cultura deverá concluído,
aprovado e executado já pelo próximo executivo camarário que resultar
das eleições de 26 de setembro, pelo que se procura um documento de
consenso e transversal a várias sensibilidades.
O Plano Estratégico para a Cultura de Ponta Delgada está a ser desenvolvido com a empresa de consultoria ‘Opium’ e está organizado em quatro grandes eixos.
Conforme
afirma em declarações ao Açoriano Oriental o vereador da Câmara
Municipal de Ponta Delgada responsável pela área da Cultura, Paulo
Mendes, o Plano Estratégico para a Cultura de Ponta Delgada “pretende
ser um documento vivo e um guião de suporte para a implementação de uma
estratégia para uma década, que possa ser interpretado e adaptado à
medida dos seus ciclos de implementação”.
O Plano Estratégico para a
Cultura de Ponta Delgada pretende também olhar para o concelho “na sua
relação com a ilha, na sua relação com as outras ilhas e respetivos
municípios, na sua relação com o Governo Regional e as suas orientações
estratégicas, bem como na sua relação com a União Europeia, com a
diáspora e com o mundo”, afirma Paulo Mendes, para quem é muito
importante “convocar a Cultura para o nosso processo de desenvolvimento e
para que a Cultura permita afirmar a nossa periferia como
centralidade”.
O vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada para
a área da Cultura explica ainda que o Plano Estratégico pretende
contribuir para afirmar o setor cultural de Ponta Delgada, capacitando-o
rumo a um maior profissionalismo, mas também abordar questões como a
valorização e interpretação do património do concelho, trabalhar para a
criação e envolvimento do público com a Cultura ou trabalhar na relação
entre a dimensão urbana e a dimensão rural no contexto do concelho.
No primeiro eixo do Plano Estratégico, pretende-se trabalhar o ‘sentido de lugar’, abordando-se as assimetrias territoriais, as questões da mobilidade e a criação de infraestruturas que apoiem uma melhor amplitude territorial dos equipamentos de criação e exibição cultural no concelho.
No segundo eixo, dedicado ao setor criativo e cultural, pretende-se abordar a necessidade de consolidar um setor cultural profissional com base em recursos e políticas de fomento da atividade cultural. Serão também procuradas respostas para a escassez de oferta de ensino vocacional, bem como a capacitação permanente dos agentes culturais.
No terceiro eixo, aborda-se a ‘cidadania cultural’, pretendendo-se mobilizar a Cultura enquanto ferramenta para enfrentar novos desafios sociais.
Por fim, no quarto eixo, designado de
‘arquipélago cultural’, é lançado o desafio de apontar caminhos e ações
para fortalecer a Cultura enquanto instrumento identitário.
Conforme
explica Paulo Mendes, “o plano terá um conjunto de ações, medidas,
cronograma, formas de monitorização e avaliação” para cumprir as suas
ambições.
O vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada responsável pela área da Cultura afirma também acreditar que “a atratividade de um território, num momento em que somos confrontados, por exemplo, com problemas demográficos, terá de ser suportada no fortalecimento do nosso ecossistema cultural como forma de fixar e atrair pessoas”.
Paulo Mendes explica que a elaboração do Plano
Estratégico para a Cultura “resulta de um processo intenso de cruzamento
de perspetivas, áreas disciplinares, escalas e atores” e que, no âmbito
da candidatura de Ponta Delgada/Açores a Capital Europeia da Cultura,
foi desenvolvido “um processo de auscultação, debate e ideação que
interagiu com mais de 270 cidadãos, públicos, artistas e criadores,
empreendedores, técnicos da Cultura, dirigentes políticos e
representantes institucionais”, concluindo que este processo de trabalho
“foi revelador da intensa vontade das pessoas em ver na Cultura um
terreno fértil de cultivo da cooperação”.