Açoriano Oriental
Óbito/Sampaio
Plenário dos Açores aprova por unanimidade voto de pesar

A Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA) aprovou, esta quarta-feira, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento do antigo Presidente da República Jorge Sampaio.


Plenário dos Açores aprova por unanimidade voto de pesar

Autor: Lusa/AO Online

Apresentado pelo presidente da ALRA, Luís Garcia, na primeira sessão realizada após a morte do socialista, em 10 de setembro, o voto destacou Sampaio como uma “personalidade incontornável da democracia portuguesa” e um “corajoso humanista” para quem não havia “portugueses dispensáveis”.

No documento, o plenário açoriano, reunido desde terça-feira na cidade da Horta, ilha do Faial, elogiou Sampaio pela “importante atividade académica e persistente ação política de combate à ditadura”, bem como pelo “vasto legado de humanidade” e “espírito compreensivo e solidário”, nomeadamente com os Açores.

“Esteve nos bons e maus momentos dos açorianos. Por exemplo, na tragédia da Ribeira Quente ou no sismo de 1998 no Faial”, descreveu Luís Garcia.

O responsável destacou ainda que, em 2004, o antigo Presidente da República “promulgou a sexta revisão constitucional marcada pelo aprofundamento das autonomias regionais”.

“Fica para a história como uma referência para todos os que se revêm na vivência democrática, nos valores da liberdade”, acrescentou.

O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro (PSD/CDS-PP/PPM), presente na ALRA, considerou que a memória e obra de Sampaio merecem o “reconhecimento” dos Açores.

Bolieiro indicou que Sampaio ficou como uma “referência de cidadania”.

“As lições que nos deixa são uma inspiração para as gerações portuguesas e do mundo inteiro”, afirmou.

“Nos Açores, a sua presença solidária pelos momentos difíceis foi expressão do seu caráter e do entendimento de um Portugal inteiro”.

O social-democrata Pedro Nascimento Cabral elogiou o “homem de coragem” que, “em plena ditadura, soube resistir, soube dizer presente, assumindo de forma frontal e corajosa os ideais da democracia perante um Estado fascista e ditador”.

“Estamos perante o desaparecimento de uma das mais importantes referências do Portugal em que vivemos. O país fica mais pobre”, observou.

Por seu lado, o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, classificou o socialista Jorge Sampaio como “um dos grandes de Portugal” e “um português de dimensão internacional”.

“Ao aprovar um voto de pesar pelo seu falecimento, a ALRA manifesta união à volta desta nossa casa comum que é o nosso país. A nível nacional, a memória e a figura do presidente Jorge Sampaio acaba por alicerçar-se em três dimensões – de homem, de cidadão, de político. Em qualquer destas dimensões, afirmou-se sempre como paladino da liberdade, da dignidade humana, das instituições, da ética republicana e do diálogo e construção de pontes”, elogiou.

Vasco Cordeiro destacou também que Sampaio foi um “político profundamente atento e cuidadoso na fundamentação das suas posições”, manifestando sempre “resistência à tentação do discurso fácil”.

“A melhor homenagem que lhe podemos prestar é sermos intérpretes fiéis de valores como a liberdade, a dignidade humana, a inclusão, o diálogo e a construção de pontes”, defendeu.

António Lima, do BE, disse que o seu partido se associava ao voto de pesar, vincando que a Jorge Sampaio "devemos muito, devemos também a nossa democracia, como combatente pela liberdade e que a ditadura perseguia".

"Tinha uma visão de democracia onde o sectarismo não existe e onde as forças de esquerda podem cooperar. Não faltou com os Açores em momentos difíceis. Era altamente solidário, defensor dos povos", frisou.

José Pacheco, deputado do Chega, observou ser “mais o que nos une do que o que nos separa”

“E o que nos une é a democracia. Jamais ditaduras de esquerda, jamais ditaduras de direita. Foi com este sentido que o meu partido exerceu a democracia, deixando esta herança”, disse.


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