PJ deteve cinco pessoas na operação "Não te dispas na Net!”

22 de jun. de 2023, 08:50 — Lusa/AO Online

Em comunicado, a PJ refere que a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), em inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures, realizou hoje cinco buscas domiciliárias e deteve cinco pessoas no âmbito de operação “Não te dispas na Net!”, que investiga vários crimes de extorsão.Segundo a PJ, a investigação foi iniciada há cerca de um ano e tem por base o ‘modus operandi’, vulgarmente conhecido por ‘sextortion’, que passa pela abordagem da vítima através das redes sociais. A PJ explica que, após conversações mantidas online, as vítimas são convidadas a partilhar conteúdos íntimos (imagens ou vídeos) através das redes sociais ou de videochamadas e, quando estão na posse de tais conteúdos, os criminosos exigem o pagamento de determinada quantia monetária sob ameaça da sua divulgação junto de familiares, amigos e contactos profissionais. Aquela polícia avança que a operação contou com a participação de duas dezenas de investigadores e as buscas e detenções ocorreram na região de Lisboa e do Porto.A PJ apreendeu equipamento informático, documentação bancária, dinheiro, cartões bancários de contas abertas em nome de terceiros e utilizadas como contas de destino para branqueamento de capitais, bem como duas armas ilegais.Em conferência de imprensa para prestar esclarecimento sobre esta operação, Carla Costa, inspetora-chefe da Polícia de Judiciária, avançou que a PJ recebeu 300 queixas relacionadas com este ‘modus operandi’ nos últimos três anos.No entanto, a inspetora-chefe destacou “as cifras negras”, uma vez que há muitos cidadãos que são vítimas deste tipo de crimes, que chamou de extorsão sexual, mas que não denunciam.Carla Costa explicou que o criminoso estabelece uma comunicação com a vítima até criar uma relação de confiança, que normalmente não dura muito tempo.“A partir do momento em que o criminoso tem os conteúdos de cariz sexual e íntimo na sua posse, a vítima é contactada por outro elemento”, através de números de telefone com indicativos dos Brasil e Angola, que se faz passar por uma autoridade ou um magistrado desses países que comunica que cometeu “um crime e que é um pedófilo porque partilhou imagens com menores de idade”, disse. A inspetora-chefe acrescentou que a PJ detetou duas formas diferentes de atuação, uma delas é que têm de pagar os tratamentos médicos do menor com quem partilhou as imagens por ter ficado muito perturbada e a outra forma é que existe uma coima e é necessário pagar uma determinada quantia para extinguir esse procedimento criminal.Carla Costa afirmou que as pessoas ficam assustadas, “porque pensam que cometeram um crime e acabam por fazer esses pagamentos para contas nacionais e ficam lesadas com este esquema”.A responsável avançou que tem acontecido nos últimos tempos uma abordagem às vítimas em que os elementos se fazem passar por polícias portuguesas.A inspetora-chefe da PJ disse ainda que há vítimas que chegaram a ser burladas em 50 mil euros.Os cinco detidos, todos os estrangeiros e com interação entre si, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicia para aplicação de medidas de coação.