Açoriano Oriental
Pessoas de todo o mundo visitam Santo Cristo durante todo o ano
O coro baixo do Convento da Esperança onde está a imagem do Santo Cristo, abre portas durante uma hora 365 dias por ano para permitir a "pessoas de todo o mundo" orar, agradecer ou pedir graças.
Pessoas de todo o mundo visitam Santo Cristo durante todo o ano

Autor: Lusa/AO online

 

"Todos os dias, entre as 17:30 e as 18:30, o coro baixo está aberto, ou seja, a capela do Senhor Santo Cristo está aberta ao público para quem quiser vir visitar, orar, agradecer, pedir graças ou simplesmente estar", afirmou a irmã Margarida Borges, à Lusa, acrescentando que a entrada é gratuita e faz-se pelo portão da avenida Roberto Ivens, em Ponta Delgada.

O culto ao Santo Cristo, que este ano decorre de 8 a 14 de maio na ilha de São Miguel, nos Açores, é a segunda festa religiosa que mais fiéis atrai no país, depois de Fátima, sendo celebrada também em várias ilhas açorianas, no continente português e na diáspora.

Há oito anos que a irmã Margarida Borges, da congregação de Maria Imaculada, toma conta da imagem do 'Ecce Homo' e da respetiva capela, acompanhando diariamente as pessoas que passam pelo coro baixo para, frente a frente com o Santo Cristo, "abrirem o seu coração".

"Tem vindo pessoas aqui de todo o mundo. Até da Rússia, da Polónia, Brasil e Índia. Muita gente tem passado por aqui e ficam bastante admiradas com o espetáculo que veem", referiu, acrescentando que além dos açorianos residentes no arquipélago, também os emigrantes quando regressam à terra visitam o Santo Cristo "como se de uma pessoa de família se tratasse".

Segundo a irmã Margarida Borges, são também "cada vez mais" os turistas que visitam o coro baixo e os não praticantes da fé católica, sendo que "já tem acontecido regressarem anos mais tarde para vir entregar ao Santo Cristo anéis de curso ou todo o ouro que possuem".

"O que se passa não sei, é entre as pessoas e o Santo Cristo, mas algo acontece para regressarem", salientou a religiosa, que ao longo do ano também vê muitos desempregados, jovens casais com filhos, famílias inteiras, entre outros, pedir ou agradecer graças ao Santo Cristo.

Também ao longo de todo o ano é possível orar ou contemplar a imagem do Santo Cristo a partir das grades que existem no fundo da igreja da Esperança e que dão diretamente para o coro baixo do convento, durante um horário mais alargado, mas a experiência de estar frente a frente com a imagem, vinda do Vaticano para Sâo Miguel há vários séculos, "é mais impactante".

"No coro baixo existe um silêncio muito profundo. Se começam a conversar ou a tirar fotografias já impede aquele ambiente de recolhimento, de encontro com o Senhor, porque procuramos que o ambiente esteja de tal ordem que seja fácil o encontro com o Senhor", afirmou a irmã Margarida Borges, uma das cinco religiosas que vive no Convento da Esperança, inaugurado há 474 anos.

Muitos açorianos dizem que a expressão facial da imagem umas vezes está alegre outras triste. A irmã Margarida Borges assume que "às vezes é fácil entrar em contacto com a imagem e outras não e isso não depende da luz, nem da humidade", sendo "uma realidade inexplicável, um mistério".

Quem se desloca ao coro baixo, pode visitar também, atualmente, uma pequena exposição na cozinha do convento sobre o Santo Cristo, já que está temporariamente encerrada a sala onde estão expostas algumas das 29 capas da imagem, bem como as joias.

A imagem do Senhor Santo Cristo possui os chamados cinco dons: o resplendor, a corda, o cetro, a coroa e o relicário, peças que já mereceram a classificação como Tesouro Regional.

As Festas do Senhor Santo Cristo remontam a finais do século XVIII e a origem deste culto começa no Convento da Caloura, em Água de Pau, na ilha de São Miguel.

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