Açoriano Oriental
Peregrinos de Figueira de Castelo Rodrigo caminham 270 quilómetros até ao santuário de Fátima
Vinte e sete peregrinos de Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, caminham em direção ao santuário de Fátima com muita devoção e um deles percorre os cerca de 270 quilómetros alimentando-se apenas com pão e água.
Peregrinos de Figueira de Castelo Rodrigo caminham 270 quilómetros até ao santuário de Fátima

Autor: Lusa/AO Online

 

O grupo de 15 mulheres e 12 homens iniciou a caminhada na quinta-feira e prevê chegar na quarta-feira a Fátima, percorrendo uma média de 38 quilómetros por dia.

"Não se pode dizer que isto é um mar de rosas. Sempre custa um bocadinho, mas a gente continua a vir. É preciso é ter coragem e fé", disse à agência Lusa Maria Silva, de 69 anos, que faz o percurso há 40 anos.

A mulher, que começou a peregrinar quando o marido "precisou de um grande milagre", assume que na chegada ao santuário as dificuldades esquecem-se e as dores físicas "ficam para trás".

Maria Monteiro, de 74 anos, a mais velha do grupo, que vai a pé pelo quarto ano consecutivo, foi a primeira vez para pagar uma promessa e depois disso voltou pela fé que tem "por Nossa Senhora [de Fátima]".

"Vou bem. Se puder ir à frente, não fico para trás. Logo que possa ir à frente gosto muito de ir e cá vou como posso, uma vez com dor, outra vez sem dor, mas vou bem", contou, na passagem por Pinhanços, Seia, no terceiro dia de viagem.

José Guerra, de 57 anos, destaca-se do grupo por ser o único que faz a jornada de sete dias alimentando-se apenas com pão e água.

Disse à Lusa que, depois de ter feito a peregrinação comendo normalmente, optou por pão e água, há nove anos, e a sensação "é totalmente diferente", embora o corpo peça "comida mais vezes".

"Se estamos numa viagem de peregrinação, temos que fazer um bocadinho de sacrifício", justificou.

Aos 42 anos, António Guerra, já leva 28 de peregrinações sempre a pé, contando que anualmente há "algo" que o puxa para fazer a jornada: "A fé é que me leva a Nossa Senhora e os milagres que me tem feito".

A peregrina mais nova do grupo, Elisabete Mangas, de 35 anos, que vai pagar uma promessa de há 11 anos, está a fazer a viagem pela primeira vez e garante que tudo "está a correr bem".

Pelo caminho, os peregrinos de Figueira de Castelo Rodrigo rezam o terço, cantam e conversam em ambiente de amizade e de entreajuda.

À frente, e outras vezes atrás, seguem duas carrinhas conduzidas por dois homens que prestam apoio logístico ao grupo e tratam da alimentação.

O apoio "é indiscutível" e os dois elementos são "os segundos pés" do grupo, reconhece António Teixeira.

Um dos organizadores da viagem, José Moutinho, de 47 anos, que todos os anos conduz conterrâneos até Fátima, diz que a viagem a pé "não é fácil" e "sofre-se um bocadinho".

Este ano, para além do incómodo da chuva, o responsável queixa-se da falta de limpeza das bermas das estradas nacionais.

"O nosso Governo devia olhar a isso. A peregrinação existe há mais de 70 anos. Já devia haver ciclovias. As bermas estão todas cheias de erva, não se pode andar", afirmou.

Na deslocação até Pinhanços, Seia, o responsável queixou-se ainda das forças policiais que apareceram "poucas vezes" na estrada.

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