Açoriano Oriental
PCP evoca Cunhal reeditando livro com 25 anos
Vinte e cinco anos após o lançamento do “Partido com Paredes de Vidro”, através do qual Álvaro Cunhal pretendeu explicar o PCP, o livro mantém-se atual, ao propor o combate do capitalismo, defendeu o dirigente comunista Francisco Lopes.

Autor: Lusa/AO On line

Quando passam cinco anos sobre a morte do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, a 13 de junho de 2005, o PCP lança um ciclo de iniciativas para homenagear “uma vida dedicada aos trabalhadores e ao povo, ao ideal e projeto comunistas”.

O ciclo arranca na próxima segunda feira, com uma sessão pública em Lisboa sobre o livro e o lançamento de uma edição digital d’“O Partido com Paredes de Vidro”, publicado em 1985 e que, na sexta edição, em 2002, contou com um prefácio em que Cunhal avalia o ensaio à luz de acontecimentos entretanto ocorridos, como a queda da União Soviética.

Na obra, o então secretário geral comunista aborda o ideal comunista e explica o funcionamento do partido, como a democracia interna, a direção, a moral dos militantes, a disciplina e a unidade interna.

“Quando vemos este estrondo do agravamento da crise do capitalismo, a especulação financeira, com as consequências que tem para os trabalhadores e para os povos, nós vemos quão atual é hoje esta contribuição de Álvaro Cunhal para a ideia de uma visão da intervenção da política ao serviço dos trabalhadores e da população e do desenvolvimento do país, e não a visão da política que tem sido a ação do PS, PSD e CDS, ao serviço dos grupos económicos e financeiros e da sua estratégia de acumulação do lucro”, sublinhou, em declarações à Lusa, o deputado comunista Francisco Lopes.

Para o PCP, a análise de Cunhal é hoje “uma grande contribuição para, partindo da realidade de 2010, perspetivar um patamar mais avançado da sociedade humana”.

Francisco Lopes destacou que, nesta obra, Cunhal introduziu um elemento inovador, com a ideia do partido “como um grande coletivo partidário”.

“Cada um, com a sua reflexão própria, as suas capacidades, a sua vivência, traz essa individualidade, integrando-a num grande coletivo, em que a soma dos indivíduos traduz uma realidade, uma dimensão e uma força que é muito maior do que cada um deles por si e mesmo cada um deles todos juntos”, explicou.

Francisco Lopes afirma que o ensaio de Cunhal não é “um guia intemporal, absoluto e fechado”, mas antes “um apelo à reflexão para, a partir da realidade, com confiança, prosseguir este rumo de progresso que os comunistas querem nos direitos dos trabalhadores e dos povos, na organização da sociedade e no desenvolvimento do país”.

Tal como há 25 anos, o objetivo de Álvaro Cunhal de dar a conhecer o modo como os comunistas concebiam e desejavam o partido, mantém-se nos dias de hoje.

“A necessidade de afirmação e explicitação daquilo que é o PCP é uma permanente”, referiu Francisco Lopes, acrescentando que “a intervenção dos comunistas incomoda os que são hoje os donos do país”, mas – sublinhou – “o essencial é que os trabalhadores e os jovens olhem para o PCP por aquilo que ele é, com os seus objetivos, os seus princípios, o seu projeto, as suas formas de funcionamento, e não a partir dos preconceitos e ‘clichés’”.

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