Autor: Lusa/AO Online
“A Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, através do seu presidente, cumpre dois papéis: desde logo, a agenda política do PSD/Açores; e depois, um outro que tem a ver com a visão que a instituição, designadamente o professor Mário Fortuna, tem dos Açores - unívoca e parcial -, procurando aplicar na região aquilo que são políticas do livre mercado”, declarou Aníbal Pires.
O dirigente comunista falava no âmbito de uma conferência, promovida em Ponta Delgada, para apresentar os resultados do encontro do PCP/Açores no passado fim-de-semana.
Aníbal Pires, que considera que o livre mercado ou o neoliberalismo só promovem a desgraça e a exclusão, refere que a defesa de Mário Fortuna “não serve uma região como os Açores”, uma vez que esta não tem escala e está dividida em nove ilhas, havendo ainda a questão da sua dispersão.
“Aquilo que tem vindo a ser, por um lado, as propostas do professor Mário Fortuna e do PSD, mas também, ainda que de forma envergonhada, do PS, passa por encontrar formas para dar aos Açores, em termos económicos, a sua dimensão de escala e de mercado, coisa que, efetivamente, não vai acontecer”, disse.
Referindo-se especificamente ao transporte aéreo, o líder dos comunistas açorianos acusou o presidente do Governo dos Açores de “pretender arruinar a SATA tão depressa quanto possível para a privatizar depois”.
Aníbal Pires considera que o novo modelo de transporte aéreo não serve os interesses dos açorianos e o seu direito à mobilidade, mas sim “interesses muito localizados”.
O dirigente do PCP/Açores exemplificou com as reduções das ligações aéreas entre as ilhas do Faial e do Pico e o continente, bem como com o preço das tarifas nas rotas liberalizadas de Ponta Delgada e Terceira, onde os passageiros têm de adiantar verbas “cada vez mais avultadas” para viajar.
“O reembolso ao utente e a não existência de um teto máximo nas rotas liberalizadas foi sempre uma exigência das empresas privadas da aviação, que o Governo Regional e o Governo da República apoiaram e aplicaram na prática, com a bênção da Comissão Europeia”, acusou o líder comunista.
De acordo com Aníbal Pires, esta opção política visa facilitar a privatização da TAP e “dar passos para a destruição” da SATA, promovendo a sua privatização a curto/médio prazo, o que revela que os executivos regionais e da República estão empenhados na “destruição das empresas públicas” com prejuízo para os Açores e para o país.
Aníbal Pires lembrou, nesse contexto, o erro que considerou ter sido o processo de privatização do Banco Comercial dos Açores (BCA) encetado na década de 1990 pelo PSD e depois concluído pelo PS.
Em termos económicos e sociais, o líder do PCP Açores considera que a região se encontra num “beco sem saída”, limitando-se as políticas do Governo Regional a “minimizar e adiar situações de maior e de maiores ruturas socioeconómicas, sem abordar as verdadeiras soluções para os problemas” do arquipélago.
Numa economia que considera ser sustentada de forma artificial por fundos comunitários, em que a economia é “subsidiada e não resolvida”, Aníbal Pires declara que a “miséria” que atinge as famílias e os trabalhadores açorianos é “apenas ligeiramente mitigada ou escondida”.
O dirigente exemplificou com a “total paralisação” de novas contratações laborais que são substituídas por programas ocupacionais e estágios subsidiados com fundos comunitários.
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