Contactado esta quarta-feira pela Agência Lusa, Paulo Pedroso confirmou que a recente declaração de Pedro Strecht resultou de um acordo entre os respectivos advogados para pôr termo a um processo-crime por difamação movido a Pedro Strecht a propósito de uma entrevista deste publicada no Correio da Manhã (CM), a 26 de Junho de 2003, sobre o processo Casa Pia e intitulada "Arguidos Detidos Ameaçaram Vítimas".

Na entrevista lê-se: "O pedopsiquiatra Pedro Strecht assegurou ao CM que arguidos do processo de pedofilia da Casa Pia - que se escusou a revelar, para não quebrar o segredo profissional - ameaçaram de morte algumas das crianças que os acusam de violação".

Na declaração publicada segunda-feira passada no mesmo jornal, Pedro Strecht garante que nessa entrevista, "concedida quando integrava o gabinete de apoio às vítimas de pedofilia da Casa Pia, em nenhum momento o que disse se referia a Paulo José Fernandes Pedroso, e muito menos pretendia fazê-lo, directa ou indirectamente, entendendo que, se o tivesse feito, o ofenderia gravemente na sua honra e consideração".

"Lamento profundamente os incómodos e prejuízos para Paulo Pedroso que possam resultar ou ter resultado da interpretação de que as palavras naquela entrevista pudessem, em algum momento, dirigir-se-lhe", diz Pedro Strecht na declaração agora publicada, seis anos após a entrevista.

Face à posição agora assumida por Pedro Strecht, o antigo porta-voz do PS e actual candidato socialista à Câmara Municipal de Almada escreve no seu blogue que "Pedro Strecht deixou claro" que não o "incluía nas pessoas a que se referiu" naquela entrevista sobre o processo Casa Pia.

"É mais um pequeno passo na minha luta pelo direito à honra, à dignidade e ao bom nome que nada nem ninguém travará", diz Paulo Pedroso no seu blogue.

A Agência Lusa tentou falar com Pedro Strecht, mas até ao momento tal não foi posível.

O antigo porta-voz socialista foi arguido no processo Casa Pia, em 2003 permaneceu em prisão preventiva durante cinco meses e chegou a ser acusado pelo Ministério Público de 23 crimes de abuso sexual de crianças, mas a juíza de instrução Ana Teixeira e Silva decidiu não o levar a julgamento.

Paulo Pedroso regressou então ao Parlamento, depois assessorou o Governo da Roménia na preparação do processo de certificação do país para a gestão de fundos comunitários e no desenvolvimento da política de emprego romena, sendo actualmente candidato à presidência da Câmara Municipal de Almada nas eleições autárquicas de 11 de Outubro.

O julgamento do processo Casa Pia, que se arrasta há quatro anos (sendo o mais longo da Justiça portuguesa) e cuja data do veredicto é ainda incerta, tem como arguidos o ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino, o apresentador de televisão Carlos Cruz, o médico João Ferreira Diniz, o embaixador Jorge Ritto, o advogado Hugo Marçal, o ex-provedor-adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes e Gertrudes Nunes, dona de uma casa de Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais.