Açoriano Oriental
Crise
Paulo Pedroso critica ausência de mecanismos para apoiar desfavorecidos
O socialista Paulo Pedroso criticou, em entrevista à agência Lusa, a ausência de mecanismos que diminuam o impacto negativo que as medidas do Governo para acelerar a redução do défice terão nos grupos sociais mais desfavorecidos.
Paulo Pedroso critica ausência de mecanismos para apoiar desfavorecidos

Autor: Lusa/AO online

O sociólogo diz-se ainda preocupado com a “criação de um clima de culpabilização destes grupos pelo seu destino”. Embora sublinhando que a decisão de acelerar a redução do défice foi tomada à escala Europeia e que, nesse sentido, nada há a apontar ao Governo, Paulo Pedroso considera que é preciso distinguir estes objetivos gerais das medidas escolhidas pelo Executivo. “Sendo certo que a primeira opção deste Governo - com a qual concordo - foi aumentar a receita e não cortar na despesa para não colocar em causa a Educação, a Saúde e os Serviços Sociais, a escolha de aumentar em igual proporção as três taxas de IVA é uma decisão insensível”, argumentou. Para o ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade, “a escolha de fazer este aumento cego é insensível ao facto de que no cabaz de compras das famílias de menores recursos há mais produtos de IVA de 5 por cento”. “Se tivéssemos mantido a taxa de 5 por cento e subido a de 20 por cento para 22 por cento, teríamos a mesma receita fiscal, mas estaríamos a taxar mais os consumos mais típicos da classe média e média alta, e menos típicos das classes média baixa e mais desfavorecidas”. Paulo Pedroso afirmou ainda que existe um “discurso equivocado” com que se fala dos mais pobres, e que “tende a responsabilizar estes sectores da sociedade pela crise que vivemos, como se os beneficiários do subsídio de desemprego e do rendimento mínimo de inserção fossem fraudulentos por natureza”. “Era de esperar que um Governo socialista, na prática, e no discurso, tivesse uma maior sensibilidade para estes problemas. Não creio qe seja num clima de ódio social aos beneficiários de prestações que se constrói uma sociedade mais justa”, acrescentou. O socialista afirmou que não “comunga da ideia de que um Governo socialista pode demonizar a fraude dos pobres, sobretudo fechando os olhos e não demonizando a fraude dos mais ricos”.

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