Parlamento dos Açores vai ter grupo de trabalho para fiscalizar fundos europeus
29 de set. de 2021, 18:06
— Lusa/AO Online
O PS
justificou a proposta de criação de um “grupo de trabalho, com
representantes de todos os grupos representados na Assembleia
Legislativa Regional dos Açores” com a “oportunidade única e o volume
recorde de fundos” europeus, num “montante superior a 3 mil milhões de
euros”, ou seja, “praticamente o dobro” do financiamento do quadro
comunitário anterior.A ideia é que este
grupo elabore relatórios trimestrais e que “envolva os açorianos no
processo de decisão política” sobre o destino a dar ao dinheiro.Questionado
por António Lima, do BE, o secretário regional das Finanças esclareceu
que os membros do Governo que integram o Conselho Económico e Social,
entidade a quem o executivo (PSD/CDS-PP/PPM) decidiu atribuir
competências de fiscalização, não participarão nas mesmas, para evitar
conflitos de interesses.“A decisão do
Conselho Económico e Social [de ser o órgão fiscalizador] foi refletida e
sujeita ao escrutínio jurídico. Quando foi votado, os membros do
governo retiraram-se e farão o mesmo sempre que estiver em causa
conflito de interesses”, explicou Bastos e Silva.O
governante justificou a opção pelo Conselho Económico e Social com o
“espírito de contenção e de aproveitamento, em vez de replicação, de
estruturas regionais”.“O Governo não interferirá em nada no acompanhamento”, assegurou.O
social-democrata Pedro Nascimento Cabral explicou que o PSD ia
acompanhar a proposta socialista, “tendo em conta a necessidade de
acompanhamento mais premente, e de forma a assegurar a verdadeira
centralidade do parlamento”, assegurando que aquele órgão faz “um
escrutínio sério e credível”.Rui Martins,
do CDS-PP, observou ser “uma obrigação da assembleia fazer esta
fiscalização”, recordando que o partido “sempre foi favorável à criação
de grupos de trabalho”.Por seu lado, Paulo
Estevão, do PPM, lamentou o “histórico de desperdício evidente dos
fundos europeus”, defendendo que, “desta vez”, seja feito “um trabalho
mais eficaz em prol das populações e do desenvolvimento dos Açores”.“Esta
comissão faz sentido num sentido construtivo. Não vamos transformar
este grupo de trabalho numa guerrilha, para que os interesses da região e
a sua credibilidade junto da União Europeia não sejam prejudicados”,
sustentou. Estevão manifestou-se “convencido de que todos os grupos parlamentares” têm “esse espírito”.Pelo
BE, António Lima salientou que a região e o país estão “perante uma
situação inédita” de receber “verbas muitíssimo significativas que terão
de ser utilizadas em nome do bem estar e do desenvolvimento das
populações e não para fazer enriquecer alguns”.“Deve,
portanto, ser muito bem fiscalizada. Não há órgão com maior competência
e obrigação de fiscalização do Governo do que o parlamento”, disse. Pelo
PAN, Pedro Neves apoiou a iniciativa que permite que “todos os
deputados” tenham “direito de fiscalizar o trabalho do Governo”.Já
Nuno Barata, da Iniciativa Liberal (IL), considerou “fundamental” que a
Assembleia “acompanhe pormenorizadamente a aplicação destes fundos”.“Temos
de ter a noção de que o dinheiro é de contribuintes da União Europeia e
um dia, tarde ou cedo, se não for bem aplicado, alguém nos vai cobrar”,
alertou.Carlos Furtado, que foi um dos
dois deputados eleitos pelo Chega, mas passou à condição de independente
por ter perdido a confiança política do líder nacional do partido, quis
esclarecer se a proposta permitia a sua participação no grupo de
trabalho, mas ninguém respondeu.De acordo
com uma publicação de setembro no Jornal Oficial, o acompanhamento do
PRR/Açores será assegurado pelo Conselho Económico e Social dos Açores
(CESA), o órgão de coordenação técnica e de monitorização pela Direção
Regional do Planeamento e Fundos Estruturais e o órgão de auditoria e
controlo pela Comissão de Auditoria e Controlo.