Açoriano Oriental
Parlamento dos Açores aprova diploma para regulamentar primeira venda de pescado
O parlamento dos Açores aprovou hoje um decreto legislativo regional que regulamenta a primeira venda de pescado, possibilitando aos pescadores venderem diretamente algum do peixe capturado ao consumidor final em locais específicos.
Parlamento dos Açores aprova diploma para regulamentar primeira venda de pescado

Autor: Lusa/AO Online

Ao explicar a iniciativa legislativa, no plenário da Assembleia Regional, que decorre na Horta, ilha do Faial, o secretário do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores, Fausto Brito e Abreu, afirmou que “através de uma regulamentação da primeira venda de pescado, contemplando as especificidades” da região, se pretende “criar um quadro legislativo próprio”.

“Este quadro permite-nos combater a fuga à lota, assegurar um melhor controlo e promover a valorização do pescado”, afirmou Fausto Brito e Abreu, apontando que o objetivo passa também por “estimular dinâmicas de desenvolvimento local, gerar mais rendimento na produção, diminuir o esforço de pesca e criar novos mercados para o peixe dos Açores”.

Segundo o governante, a proposta “permite regulamentar a retribuição em caldeirada [designação dada ao pescado destinado à alimentação dos armadores e pescadores], com a definição de limites e regras para a sua atribuição”, e cria “regras para a marcação de pescado fresco”, além de “penalizações para o seu uso indevido”.

Por outro lado, permite a regulamentação da venda direta pelo pescador ao consumidor final, o que já é possível em toda a União Europeia, e contempla “um regime contraordenacional próprio”.

O valor mínimo da coima – de 125 euros - é inferior ao nacional.

Fausto Brito e Abreu salientou a importância da marcação de pescado fresco nos Açores, pois garante “uma maior rastreabilidade e controlo”, e a diferenciação do pescado da região “pelas práticas sustentáveis através das quais é capturado, valorizando-o e, como tal, contribuindo para o aumento dos rendimentos” dos profissionais da pesca.

Para o secretário regional, a proposta cria “mais rendimento na primeira venda”, pois promove simultaneamente uma melhor gestão dos recursos marinhos e melhores condições de vida para os pescadores.

No debate da proposta de decreto legislativo regional, Luís Garcia (PSD) considerou que esta é um “cheque em branco” ao Governo Regional, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, e acusou a tutela de não ter obtido o acordo da generalidade do setor das pescas nesta matéria.

Para o deputado comunista, Aníbal Pires, o documento “não garante melhores preços ou melhores rendimentos para os pescadores e melhor pesca”.

O comunista criticou que a proposta a regulamentação para portaria, enquanto a deputada do Bloco de Esquerda, Zuraida Soares, defendeu que esta “precisa de mais esclarecimentos e de outras medidas adicionais urgentes e imediatas que suportem os pescadores e as suas famílias”.

Já Paulo Estêvão, do PPM, considerou que a proposta é “uma mão cheia de nada”, assinalando que o que deveria preocupar o executivo era o “rendimento miserável dos pescadores”.

A deputada centrista Graça Silveira lamentou que grande parte da informação sobre a proposta tivesse sido conhecida pela comunicação social.

A proposta foi aprovada pelo PS e teve os votos contra do PCP e do PPM. PSD, CDS-PP e BE abstiveram-se.

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