Açoriano Oriental
Ordem dos Médicos reactiva processo disciplinar contra Ferreira Diniz que pode ser impedido de exercer
O médico Ferreira Diniz pode ser impedido de exercer medicina se a Ordem dos Médicos apurar que para cometer os crimes pelos quais foi condenado a sete anos de prisão no caso Casa Pia se serviu do facto de ser médico, disse fonte ligada ao processo.

Autor: Lusa / AO online

Fonte da Ordem dos Médicos revelou que este organismo vai agora debruçar-se sobre o acórdão conhecido na sexta feira no Campus da Justiça, em Lisboa, para apurar se os crimes de que Ferreira Diniz é acusado e pelos quais foi condenado foram cometidos servindo-se da sua condição profissional.

Se tal for provado, Ferreira Diniz será expulso da Ordem dos Médicos e, consequentemente, impedido de exercer medicina.

Mas mesmo que tal relação não seja estabelecida, o médico arrisca-se a penas que rondarão os cinco anos de suspensão da atividade se forem provados os atos pedófilos que lhe valeram a condenação a sete anos de prisão efetiva, disse a mesma fonte.

Contactado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, recusou comentar penas disciplinares, mas revelou que o organismo a que preside irá na próxima semana reativar o processo disciplinar relativo a Ferreira Diniz e cuja reabertura aguardava pelo acórdão do tribunal.

Esta medida da Ordem dos Médicos avança, mesmo se o clínico apresentar um recurso da decisão do tribunal.

O processo na Ordem dos Médicos também leva o seu tempo e apenas se o conselho disciplinar regional defender no despacho de acusação a suspensão do médico é que este poderá ser impedido de exercer medicina antes de o caso chegar ao Conselho Nacional de Disciplina, órgão presidido pelo bastonário.

Ferreira Diniz foi condenado a sete anos de prisão por quatro crimes de abuso sexual de menores dependentes e pornografia de menores.

Foi ainda condenado a indemnizar, por danos morais, três das vítimas em 25 mil euros cada uma.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, “o abuso das funções de médico para seu beneficio pessoal, nomeadamente no âmbito sexual e ainda mais utilizando crianças, a quem os médicos têm obrigação de proteger, é uma violação inaceitável, completamente inqualificável do exercício da medicina”.

“Gostaria que essas pessoas deixassem de ser médicos, pois a medicina é uma prática que não se compadece com um crime hediondo como é a pedofilia”, concluiu.

Ferreira Diniz irá dar hoje uma conferência de imprensa, em Lisboa, em que pretende "explicar os factos concretos que levaram à sua condenação", disse à Lusa a sua advogada.

O julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia chegou na sexta feira ao fim com a leitura do acórdão final.

Em tribunal responderam os arguidos Carlos Silvino, ex-motorista da Casa Pia, o ex-provedor da instituição Manuel Abrantes, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o apresentador de televisão Carlos Cruz, o embaixador Jorge Ritto e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais.

Seis dos arguidos foram condenados a penas de prisão efetiva, enquanto Gerturdes Nunes foi absolvida.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados