Açoriano Oriental
Venezuela
Opositor desafia Maduro a comparecerem juntos diante da justiça

O opositor venezuelano Leopoldo López, atualmente a viver em Espanha, desafiou o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a comparecerem juntos diante da justiça internacional para ver qual deles seria detido por crimes cometidos.

Opositor desafia Maduro a comparecerem juntos diante da justiça

Autor: Lusa/AO Online

O repto de López surge um dia depois de Maduro ter acusado o opositor de cometer “crimes” ao longo dos últimos 20 anos na Venezuela e de ter apontado a falta de coragem das autoridades espanholas para deter o representante da oposição venezuelana, que reside na capital espanhola, Madrid, desde outubro passado.

“Maduro, que assassinou milhares de venezuelanos com uma ditadura repressiva, faminta e executante de crimes contra a Humanidade, foste tu”, reagiu Leopoldo López, numa declaração divulgada a partir da capital espanhola.

“O único que tem sido apontado pela ONU, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e até pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) como violador dos direitos humanos, és tu (Maduro). O corrupto e o narcotraficante, és tu", reforçou o opositor.

Na quarta-feira, Nicolás Maduro acusou Espanha de falta de coragem para deter López, apesar de alegadas provas de delitos cometidos durante 20 anos na Venezuela.

“Aí estão as provas. São muitas. O que falta é coragem a Pedro Sánchez [primeiro-ministro espanhol], no Governo de Espanha, e uma decisão para lutar contra o fascismo”, disse o Presidente venezuelano.

Maduro falava no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, durante uma conferência de imprensa em que acusou Madrid de proteger um fugitivo da justiça venezuelana e acusou o ex-embaixador espanhol na capital venezuelana, José Silva Fernández, de estar envolvido numa conspiração contra o seu Governo.

“Sobejam as provas contra Leopoldo López, (mas) o Governo de Espanha faz ouvidos moucos, faz-se cego, mudo e surdo”, disse Maduro, sublinhando “ter 20 anos de provas de golpismo”.

Entre outros delitos, o governante acusa o opositor de ter participado no golpe de Estado de 11 de abril de 2002 e nas violentas manifestações promovidas pela oposição em 2014, que terão provocado 43 mortos.

“Leopoldo López é um fugitivo da justiça, julgado por crimes hediondos que têm sido cometidos no país", acrescentou Maduro na mesma intervenção.

Perante as “reiteradas e infundadas acusações do ditador", Leopoldo López desafiou Maduro a recorrer à justiça internacional.

“Como já é conhecido a nível nacional e internacional, são os representantes do regime (venezuelano) que são apontados de cometer crimes contra a Humanidade”, disse López.

O opositor citou o relatório da missão da ONU sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela, publicado em setembro último, que apontava críticas a Maduro, mas também aos ministros da Defesa e do Interior venezuelanos, Vladimir Padrino e Néstor Reverol, respetivamente.

“Quem deve responder pelos seus crimes é a narco-ditadura que prevalece na Venezuela, que tem os venezuelanos submetidos a todo o tipo de humilhação, desde a violação do seu direito à vida até à violação do seu direito à dignidade humana”, concluiu o opositor.

Leopoldo López, de 49 anos, chegou a Madrid no final de outubro de 2020, depois de ter saído da Venezuela de forma clandestina a partir da fronteira com a Colômbia.

Desde 30 de abril de 2019, o opositor, elemento do partido opositor Vontade Popular, permanecia como “convidado” na residência do então embaixador de Espanha em Caracas, José Silva Fernández.


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