Autor: Lusa/AO online
Esta organização entrevistou duas testemunhas e reviu relatos de testemunhas em arquivo que indicam que as roupas e equipamentos dos assassinos eram os mesmos que o pessoal do exército usava quando chegou à cena do crime minutos depois.
“Hoje assinalam-se seis meses de sofrimentos para os sobreviventes e os familiares daqueles que foram mortos no Complexo do Salgueiro”, disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch para o Brasil, citada num comunicado da organização.
Novos depoimentos de testemunhos apontam para a possibilidade de forças especiais do exército estarem envolvidas nos homicídios.
Testemunhas disseram ainda que os polícias e elementos do exército que chegaram ao local não providenciaram assistência médica aos feridos e atrasaram a ida das vítimas para o hospital, além de não assegurarem a cena do crime.
Sete pessoas morreram no local e uma outra mais tarde, devido aos ferimentos.
Duas testemunhas disseram que os assassinos abriram fogo cerca das 01:00, a partir de uma área florestal, contra pessoas que iam a passar numa via pública do Complexo do Salgueiro.
Enquanto os assassinos disparavam contra as vítimas, elementos do batalhão de forças especiais do exército e da unidade de operações especiais da polícia civil do Rio de Janeiro (CORE) aproximaram-se de um veículo da polícia civil e de dois veículos blindados Guarani. Estavam a conduzir uma operação conjunta, de objetivos ainda não clarificados.
A Human Rights Watch entrevistou um homem que foi ferido no ataque e que disse que, após os disparos, os atiradores emergiram da área florestal. Estavam de negro, com as caras escondidas por balaclavas, usavam luvas, tinham lanternas montadas nos capacetes e as suas armas estavam equipadas com lanternas e visão a laser.
Luiz Otávio Rosa dos Santos, um motorista de táxi que acabou por morrer mais tarde, disse a um promotor que viu “luzes vermelhas” a sair da arma usada pelo homem que disparou contra si.
Duas mulheres que chegaram ao local após o tiroteio descreveram os uniformes e as armas dos elementos das forças especiais da mesma forma como outras testemunhas descreveram os dos assassinos.