Novo sistema de incentivos a empresas nos Açores abre em julho com 360 ME
15 de jun. de 2023, 10:35
— Lusa/AO Online
“Até ao final deste mês, será aprovado todo o
quadro regulamentar do novo sistema de incentivos, o Construir 2030”,
disse o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração
Pública, Duarte Freitas, durante um debate de urgência, no parlamento
açoriano, reunido na Horta, sobre investimento público, suscitado pelo
Bloco de Esquerda.Segundo o governante, o
aviso de abertura desse programa de apoio à iniciativa privada sairá no
decorrer do mês de julho, data em que se prevê também a finalização do
anterior programa, o Competir Mais, para evitar que se verifiquem
“paragens” no investimento.Duarte Freitas
anunciou ainda que o programa de recapitalização das empresas açorianas,
previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há muito
aguardado pelos empresários da região, será apresentado na sexta-feira
em Ponta Delgada, contemplando apoios no valor total de 125 milhões de
euros para os empresários regionais.“Ultrapassada
a inércia da anterior gestão do Banco de Fomento, conseguimos desenhar
um sistema – o Capital Participativo Açores - que será divulgado na
sexta-feira”, realçou o titular das pastas das Finanças no arquipélago.O
governante garantiu também que a região pretende “triplicar” a execução
anual de fundos comunitários na região, em comparação com os números
verificados durante a gestão do anterior executivo socialista.“Entre
2014 e 2020, o Orçamento Regional executou, em média, 67 milhões de
euros de receitas de fundos comunitários por ano. Em 2022, foram 98
milhões e a partir deste ano, serão, em média, cerca de 200 milhões de
euros”, justificou Duarte Freitas.António
Lima, líder parlamentar do Bloco de Esquerda na Assembleia Legislativa
dos Açores, entende que os investimentos públicos na região não têm sido
bem aplicados, dando como exemplo, o setor do turismo, onde são
aplicadas a maioria das verbas vindas da Europa.“Os
resultados já estão à vista: uma região cada vez mais dependente do
turismo, com os riscos que lhe são inerentes, como a pandemia nos
provou”, referiu o deputado bloquista, lamentando que os Açores sejam “a
região mais desigual do país”, onde a riqueza não é distribuída
equitativamente e que “não sai do fundo dos indicadores de pobreza do
país”.António Lima denunciou, por outro
lado, a existência de um alegado “mistério” em torno de uma verba que
ronda os 40 milhões de euros, destinada a capitais de risco, “que
ninguém sabe de quem são e o que farão com estas verbas”, exigindo, por
isso, explicações ao Governo de coligação.Duarte
Freitas explicou que a “pouca abertura dos empresários portugueses e
açorianos” em relação ao capital de risco obrigaram a região a abandonar
esta opção, privilegiando as micro, pequenas e médias empresas, que
representam cerca de 98% do tecido empresarial regional.Durante
o debate parlamentar que se seguiu, os partidos da oposição (PS, BE e
PAN), não pouparam críticas à fraca execução de fundos comunitários nos
Açores, desde que o governo liderado pelo social-democrata José Manuel
Bolieiro iniciou funções (novembro de 2020).Os
partidos que formam o Governo (PSD, CDS-PP e PPM), justificam os
alegados atrasos com a redução do investimento da República na Região e
destacam outras opções do executivo açoriano, que também tiveram
impactos positivos na economia regional, como a redução de impostos e
das tarifas inter-ilhas da SATA.O Chega e a
Iniciativa Liberal reconhecem que é preciso “fazer mais e melhor”,
tanto em matéria de execução orçamental, como em matéria de investimento
público futuro.