Açoriano Oriental
Novo romance de Lobo Antunes apresentado na Figueira da Foz
O novo romance de António Lobo Antunes, intitulado "O Meu Nome é Legião", foi ter-feira apresentado no Casino da Figueira da Foz, numa sessão com a presença do escritor, moderada pelo jornalista Carlos Pinto Coelho.
Novo romance de Lobo Antunes apresentado na Figueira da Foz

Autor: Lusa / AO online
"Uma pessoa quando escreve está a escrever sobre coisas impensáveis (…) Emoções, impulsos, sentimentos, coisas intraduzíveis por palavras" afirmou Lobo Antunes.

O escritor, distinguido com o Prémio Camões 2007, garantiu que escrever "é muito difícil", dizendo-se "pasmado" com a quantidade de livros que se vendem em Portugal.

"Pasmo-me diariamente com a quantidade de livros que se vendem em Portugal e com a quantidade de gente que se intitula escritor. Pasmo-me quando cada vez mais é para mim claro que não sei escrever, que procuro a perfeição que sei inatingível" acrescentou.

Numa primeira intervenção antes de uma conversa de cerca de duas horas, moderada por Carlos Pinto Coelho perante mais de uma centena de pessoas, Lobo Antunes confessou que nunca irá escrever a obra que pretende.

"O que quero é uma coisa impossível, pôr a vida inteira de nós todos entre as capas de um livro" revelou.

Enquanto escritor manifestou-se "uma espécie de intermediário" entre duas instâncias que disse não conhecer bem.

Diz situar-se "entre a mensagem que não se sabe de onde vem destinada a pessoas cuja cara não vemos" explicou.

Sobre "O meu nome é Legião" - o 19º romance de Lobo Antunes, editado sob a chancela da D. Quixote - dissertou Carlos Pinto Coelho: "A história que este romance relata podia ser noticiada num curto parágrafo da Lusa: num bairro marginal da Grande Lisboa, um grupo multi-racial de jovens delinquentes comete crimes, é perseguido, e há um polícia amanuense que escreve um longo relatório do que se passou. É isto, mas o romance não é isto", asseverou.

Continuou pela "deriva pela essência humana" da nova obra de Lobo Antunes, o título retirado da Bíblia e de uma história de Jesus na Galileia, as personagens, "um punhado de gente e suas circunstâncias (…) seus permanentes encontros com a morte" ou os demónios "num corpo possesso chamado gente comum".

A introdução de Carlos Pinto Coelho deu depois lugar, nas suas próprias palavras, "a uma grande festa", uma sessão literária "das mais divertidas e mais à vontade" que o jornalista sustentou ter presenciado.

"Este homem está decididamente muito maduro, muito bom para a vida", frisou Pinto Coelho.
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