Autor: Cristina Pires/ Ana Paula Fonseca
Porque se candidata?
Aceitei o desafio de liderar o projeto pelo
Partido Social Democrata nesta candidatura porque senti da população uma
grande vontade de alterar o rumo que o Nordeste teve durante estes
quatro anos. Sou candidato porque acredito que é possível fazer mais e
melhor pelo Nordeste. Noto que, para além dos nordestenses, acabo por
ter apoio de militantes de outras forças partidárias. Cresci e vivo no
Nordeste e tenho o Nordeste na alma e no coração. Todos sabem que sou
uma pessoa do povo.
Abraçou este desafio pela sua experiência autárquica, uma vez que desempenha as funções de presidente de junta de freguesia?
Sim,
porque acho que é um projeto desafiante. Tenho experiência autárquica
há 16 anos e estou muito habituado a lidar com o povo, conheço a
realidade dos nordestenses e as dificuldades que estão a passar. A minha
candidatura é, essencialmente, para ajudar a população.
As juntas de
freguesia do PSD têm criticado a atual gestão camarária, dizendo que
são discriminadas em relação às do PS. Partilha desta crítica?
Partilho
claramente. Aliás, não são só as juntas de freguesia. As pessoas que
não concordam com o rumo que o concelho está a tomar acabam por ser
alvo de ameaças, represálias e as juntas de freguesia também. (…) A
câmara tem colaborado com a cedência de pessoal para outras freguesias e
as do PSD também gostariam de ter o mesmo direito.
Qual o perfil dos candidatos da sua lista?
Ao
contrário daquilo que o Partido Socialista refere, a nossa equipa é
formada por gente capaz e com provas dadas. O segundo candidato é o
senhor Luís Jorge Fernandes. É um homem que esteve à frente dos destinos
da junta de freguesia do Nordeste e que tem desempenhado um excelente
papel como autarca. Está envolvido em algumas associações de cariz
social, tem-se dedicado à sua terra e conhece os problemas do concelho.
A
situação financeira da autarquia é por todos conhecida. A dívida é na
ordem dos 20 milhões de euros. O atual executivo diz que reduziu o
passivo em 16 milhões de euros. Esta é uma situação que o preocupa?
Não
me preocupa porque, ao contrário daquilo que o candidato do PS referiu -
e diz sempre aquilo que mais lhe interessa - na entrevista a este
jornal, não compreendo qual é o motivo que compara o ano de 2012 . Se
ele foi eleito no dia 20 de outubro de 2013, eu acho que aquilo que
deveria referir era a partir desta altura. Referiu que pagou 17 milhões,
mas não considero que indo para a insolvência, como foi o caso das
piscinas municipais, seja um pagamento. Os nordestenses têm de ser
esclarecidos em relação às contas da autarquia.
No caso das piscinas, o que teria feito?
O
que teria e vou fazer, porque acredito que os nordestenses vão
valorizar o esforço e a equipa, é abrir as piscinas municipais,
aproveitando o seu magnífico espaço para integrar a Biblioteca Municipal
que deve estar concentrada na vila; aproveitar também outros espaços
para abrir um ginásio e um centro de informática. A abertura das
piscinas municipais levará também, como está previsto, à criação de
postos de trabalho.
Temos de arranjar uma solução para o edifício das
piscinas municipais. Está numa zona nobre da vila e já estamos a fazer
alguns contactos com a Caixa Geral de Depósitos para equacionar toda
esta possibilidade.
A situação financeira do município foi uma
herança do executivo liderado por José Carlos Carreiro, do PSD. Em 2012 a
dívida da autarquia era superior a 37 milhões de euros. Como
nordestense e agora como candidato pelo mesmo partido, como encara esta
realidade?
Reafirmo que não tenho responsabilidades perante o
anterior executivo. No entanto, não me envergonho, como militante do
Partido Social Democrata, daquilo que foi feito porque o candidato do
Partido Socialista verifica o concelho a duas cores: o lado negro, que
era o anterior executivo e o lado rosa, que tudo parece bem. O anterior
executivo fez muito bom trabalho no Nordeste. Houve coisas menos
conseguidas e, infelizmente, acontece com todos e isso também vem de uma
crise internacional que afetou o país e que criou esta dificuldade. No
entanto, o anterior executivo deixou a casa arrumada, ao contrário do
que é afirmado, porque realizou o Plano de Reequilíbrio Financeiro,
liquidando todas as dividas aos fornecedores, ficando a câmara com
margem de manobra para continuar o desenvolvimento no Nordeste, não só
pela redução dos encargos mensais, que foram diluídos por vários anos,
mas também contando com as suas receitas próprias e com os 11 milhões
que cabem ao concelho dos fundos comunitários 2020.
Que avaliação faz da forma como o atual executivo lidou com o problema da dívida?
O
atual executivo limitou-se a cumprir as prestações do Plano de
Reequilíbrio Financeiro. Reduziu alguns serviços e o pagamento de horas,
que não concordo porque os trabalhadores da câmara se estão a trabalhar
têm de o receber. Noto também que este executivo tem-se aproveitado dos
programas sociais para trabalho voluntário forçado.
Este executivo
recebeu do anterior executivo cerca de dois milhões de euros e
limitou-se a pô-lo no banco por falta de ideias e projetos.
Se for eleito, o reequilíbrio financeiro será um ponto de ordem?
Tem
que haver transparência. Qualquer executivo que esteja à frente dos
destinos da Câmara do Nordeste tem de cumprir rigorosamente a lei. Acho
perfeitamente natural que assim o seja.
Falando do projeto que idealizou para o concelho nos próximos quatro anos, o que define como prioridades?
A
maior prioridade é a reabilitação da Foz da Ribeira. Já foi prometida
pelo Governo Regional dos Açores, e comigo à frente dos destinos do
Nordeste, eu vou reivindicar e estarei disponível a colaborar com o
Governo para o bem e desenvolvimento do Nordeste.
Julgo que os
nordestenses são pessoas que merecem o mesmo tratamento do que em
qualquer concelho da Região e, como se vê, todos os concelhos acabam por
ter uma zona balnear condigna para os residentes e para quem nos
visita. O turista para além de ficar maravilhado com a nossa beleza, com
a nossa montanha, também acaba por querer estar à beira-mar. É uma zona
lindíssima que tem estado ao abandono, e as condições são péssimas.
Em
que medida a autarquia pode contribuir para a dinamização da economia
local, para a criação de riqueza e de emprego, nomeadamente no setor do
turismo?
As propostas que nós temos para o turismo é realizar a Feira
Gastronómica. Uma feira condigna e não aquilo que temos verificado, mal
organizada.
Voltar aos cortejos etnográficos porque quem vem acaba
por conhecer a nossa cultura, envolvendo todas as instituições neste
sentido.
Manter e conservar os trilhos pedestres. Alguns trilhos
andam ao abandono e as juntas de freguesia com os seus poucos recursos,
acabam por proceder à manutenção e limpeza. (…)
Ao nível dos serviços de apoio ao turismo, nomeadamente a restauração, o concelho está bem servido?
O
Nordeste está num bom caminho, mas necessita de um grande reforço.
Proponho uma parceria entre a câmara e a restauração de maneira a que
possamos colaborar com alguma formação, incentivar para a participação
na feira gastronómica, na evolução em algum serviço e na alteração na
oferta. O turista quando vem ao Nordeste quer comer comida típica, como o
capão e os enchidos. Vamos criar uma dinâmica totalmente diferente em
que os empresários, com a nossa colaboração, vão perceber que têm de
evoluir, porque para além do bom serviço que estão a prestar têm de
perceber que, com os eventos que pretendemos realizar para promover o
Nordeste e ajudar os nossos comerciantes, vão ter que evoluir. Estamos a
preparar um projeto realista em que as pessoas percebam e acreditem
numa palavra dada.
Que outras áreas precisam de ser impulsionadas?
A
área social. Vamos apostar em todos os programas que o Governo Regional
dispõe. Verifico também que existe falta de habitação e de apoio à
habitação. A falta de emprego faz com que as próprias famílias não
possam investir. Temos algumas medidas neste sentido. Há que fixar as
famílias no Nordeste, o que não tem acontecido. Há muita gente a
emigrar, o que me entristece.
Como pretende combater esta desertificação?
Temos
uma medida que faz parte do nosso projeto, como a criação de um
protocolo para colaborar no arrendamento, fazendo com que as famílias
fiquem no Nordeste e acabamos por aliviar o seu orçamento mensal.
No contacto que tem tido com a população, que dificuldades lhe apresenta?
Uma
das maiores preocupações é o emprego. Para além disso, é a desilusão
das pessoas, porque os programas são importantes mas são provisórios.
Se vencer as eleições, qual será a sua primeira medida?
A
minha primeira medida será reunir de imediato, com todas as
instituições e forças políticas do concelho, para criar um plano de
união. Vou ouvir todas as opiniões. Vou ser o presidente que vai estar
sempre ao lado do povo. (…)
O presidente da câmara do Nordeste disse
em entrevista à Rádio Açores/TSF que os nordestenses não estão numa
situação de fazer experimentalismos. Como reage a esta crítica?
Esta
crítica dá-me vontade de rir. Não percebo. Acabo por entender que isto
seja realmente o receio que ele tem de que está a aproximar-se a hora da
verdade, porque os nordestenses são pessoas sérias e não se esquecem
daquilo que se passou neste mandato. Faço a pergunta: Há quatro anos
qual era a experiência que ele tinha? Qual era a experiência da equipa
que ele levou consigo?
E qual é a experiência da sua equipa?
Tenho
dois autarcas que têm estado constantemente a trabalhar para o povo.
Não precisamos de ninguém de pedestal. Precisamos de uma pessoa presente
no dia a dia dos nordestenses.