"O
caderno de encargos está a ser preparado e a nossa expetativa é que, em
dois anos - o prazo mais ou menos razoável para o que existe no mercado
em termos de construção de navios - os termos cá em 2025", afirmou o
presidente do conselho de administração da Atlânticoline, Francisco
Bettencourt, em declarações aos jornalistas.O
administrador da empresa pública de transportes marítimo de passageiros
e viaturas no arquipélago, falava à margem do evento “Towards
Carbon-free & Energy Self-sufficient Ports”, que decorre até
quinta-feira, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.O
evento é organizado no âmbito do projeto PORTOS [Interreg Atlantic
Area], do qual a Portos dos Açores é uma entidade parceira, visando a
discussão da descarbonização dos portos e os desafios que essa transição
representa.Em abril, o secretário
regional das Finanças, Duarte Freitas, anunciou que a empresa
Atlânticoline vai contar na sua frota com dois navios elétricos, orçados
em 25 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência
(PRR).Na ocasião, Duarte Freitas referiu
que, no capítulo da descarbonização, vai haver uma “aposta inovadora em
dois barcos elétricos para operarem nas ilhas do Triângulo (Faial, Pico e
São Jorge), libertando os atuais da Atlânticoline para novas rotas,
como por exemplo a rota Ponta Delgada-Vila do Porto”.Esta quarta-feira, o presidente do conselho de administração da Atlânticoline realçou que
"os Açores sempre foram conhecidos pelas energias renováveis", mas há
"um longo trabalho" a fazer, começando com "passos seguros". O
presidente da Portos dos Açores, Rui Terra, realçou a aposta na
aquisição dos dois navios elétricos, referindo a importância de uma
conjugação com a empresa de eletricidade dos Açores (EDA) ao nível de
infraestruturas nos portos, de maneira a tornar aquelas infraestruturas
"mais eficientes eletricamente" e "menos carbónicos possíveis". "Não
podemos perder este comboio é o futuro. Já vamos ligeiramente atrasados
em relação à grande parte dos portos nacionais", sustentou Rui Terra,
em declarações aos jornalistas.O
presidente da Portos dos Açores considerou que "estão reunidas
excelentes condições", quer em São Miguel, quer em todo o arquipélago
para que os Açores sejam "pelo menos uma referência" em matéria de
descarbonização dos portos."Todos os
indicadores têm subido, nos últimos dois anos, ao nível de navios de
cruzeiro, cabotagem e ao nível das cargas. Os cruzeiros têm sido um
excelente exemplo de como um desafio colocado pelo covid-19 tem
permitido aos Açores a colocação num mercado de maneira diferente",
sublinhou.Segundo disse, o segmento de
cruzeiros para a Portos dos Açores "tem um grande peso em termos de
rubrica orçamental e para os Açores tem uma grande imagem positiva, já
que os turistas procuram cada vez mais destinos de natureza"."Isto
foi um grande investimento feito na Madeira há muitos anos. Parece-nos
que estamos no caminho certo. Já não temos os cruzeiros de mega massas,
mas cruzeiros mais pequenos e mais adaptados à nossa realidade e julgo
que o impacto tem sido francamente melhorado nos últimos dois anos e os
números estão à vista", vincou.Na abertura
do evento, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas, Berta Cabral, sublinhou “o compromisso” da região com o
desenvolvimento sustentável e a aposta na transição energética, criando
sinergias entre a beleza do arquipélago e a sustentabilidade.“É
o grande desafio que atravessamos é um desafio global. É um desafio que
temos de fazer com determinação”, sustentou Berta Cabral, lembrando que
os Açores estão também a investir na adaptação dos seus portos e querem
"barcos mais sustentáveis".A governante
destacou ainda que em 2022 os Açores atingiram vários recordes em termos
turísticos e este sucesso inclui também o segmento do turismo de
cruzeiros, numa região que foi o primeiro arquipélago no mundo com
certificado de destino turístico sustentável.