Açoriano Oriental
Nasceu o "Arquipélago" das artes que quer abraçar o mundo
Centro de Artes Contemporâneas ambiciona ganhar dimensão internacional, a partir do local e do regional
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Autor: Paula Gouveia
“O Arquipélago não é uma ilha”. A frase de Fátima Marques Pereira, diretora do Centro de Artes Contemporâneas, inaugurado no domingo, depois de obras de 13 milhões de euros que resgataram das ruínas uma antiga fábrica de álcool/tabaco, define o rumo a dar.

Situado na Ribeira Grande, o Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas ambiciona ganhar dimensão internacional, sem esquecer a escala regional e até mesmo local.

Com 12 914 m2 (9736 m2 em edifícios e 3178 m2 em espaços exteriores) - uma dimensão física que só se revela com uma visita de uma hora e meia pelas salas, corredores e subterrâneos dos edifícios, o Arquipélago pretende afirmar-se como centro artístico multidisciplinar, a partir do qual serão construídas pontes com quatro eixos geográficos – as ilhas atlânticas, África, Américas e a Europa - sem contudo esquecer a Diáspora. Para construir estas pontes,  serão essenciais as coproduções e as parcerias com outras instituições.

Para já, adianta Fátima Marques Pereira, além das naturais parcerias já estabelecidas com a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, o Museu Carlos Machado e o Teatro Micaelense, estão também predefinidas parcerias de âmbito nacional com a Fundação Luso-Americana (FLAD) e a Coleção António Cachola. O objetivo é que surjam muitas mais, nomeadamente com instituições de outras ilhas, com as quais a diretora pretende reunir quanto antes.
O conjunto de edifícios  - os novos com uma arquitetura contemporânea e os velhos de caráter industrial que marcam agora a paisagem urbana com o negro do betão aliado ao basalto - não ficará “fechado sobre si próprio”.
E como “o Arquipélago não é um museu de arte contemporânea; é um centro de artes contemporâneas”, isso significa que dará espaço à produção artística em disciplinas tão diversas como as artes visuais, artes performativas, multimédia, cinema, música, arquitetura, design, ilustração, literatura e moda. “Não é único em Portugal, mas quase”, diz Fátima Pereira Marques que dá o exemplo do Centro Cultural de Belém “que tem uma dimensão que este não tem, mas as valências são um pouco idênticas”.
O intercâmbio de pessoas será uma “preocupação constante”, diz a diretora. As residências artísticas serão  uma parte fundamental da sua atividade, adianta a diretora do Arquipélago, revelando ainda que se pretende que esta vertente envolva  instituições de outras ilhas açorianas, proporcionando aos artistas a oportunidade de desenvolverem trabalho artístico noutras ilhas que depois será apresentado localmente, mas também no Centro de Artes Contemporâneas.
No Arquipélago, a vertente da educação terá também o seu lugar, com um serviço educativo que vai começar já a trabalhar com o público escolar, através dos estabelecimentos de ensino, mas também de instituições locais, e ainda com a oferta de workshops e atividades formativas diversas, conferências, encontros e discussões temáticas. Será privilegiada ainda a investigação, com a publicação regular de trabalhos relacionados com a arte e cultura contemporâneas, promovendo a sua reflexão e divulgação.
Quem entra hoje no Arquipélago irá vê-lo despido de produção artística. Para já, o protagonista é o próprio edifício que esteve entre os 40 selecionados para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2015.
A partir do próximo mês, e até à inauguração da primeira exposição, o Arquipélago estará aberto a quem o queira conhecer, numa visita guiada pelo conjunto arquitetónico constituído por uma loja/ livraria, oficinas, centro de exposições, centro documental e uma blackbox destinada às artes performativas. “É bonito sentir o vazio do edifício”, diz Fátima Marques Pereira que lembra que, além do conjunto arquitetónico, o visitante poderá ainda  apreciar uma exposição, no piso superior da loja/livraria, onde está a maquete do edifício projetado por Francisco Vieira de Campos, Cristina Guedes e João Mendes Ribeiro (Consórcio Menos é Mais Arquitetos Associados, Lda.), e duas projeções sobre o preexistente, o processo de construção e o atual; ainda três instalações do realizador Pedro Sena Nunes, no centro de exposições; e um filme sobre o edifício e sobre a equipa que o ocupou, na zona destinada às reservas que ainda não foram transferidas para o novo edifício.
Leia na íntegra a reportagem publicada
na edição impressa do Açoriano Oriental de 31 de março de 2015
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