Açoriano Oriental
Não precisamos de muitas palavras para falar do nosso trabalho
Maria Simões é actriz, encenadora, palhaça, "uma artista de corpo e alma". Pertence à cooperativa cultural "Descalças", que teve um ano de 2009 com altos e baixos. Uma entrevista para ouvir domingo na íntegra no programa "Conversa Fiada", na Rádio Açores/TSF e que o AO online aqui transcreve em parte.
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Autor: Paulo Simões / Rui Jorge Cabral

Que balanço faz de 2009?

É difícil porque o ano passado ‘balançou-nos’... De qualquer forma, este foi o quarto ano de existência da cooperativa nos Açores e achamos já ter atingido alguma maturidade, que se traduz na capacidade de ‘síntese’. Ou seja, achamos já não precisar de muitas palavras para falar do nosso trabalho porque ele fala por si e porque as reacções do público e das instituições com que fomos fazendo parcerias também falam por si. Achamos que o nosso trabalho tem crescido em qualidade e em número de apresentações. A esse nível, o ano de 2009 foi um ano em que começámos a reflectir sobre o nosso projecto e aquilo que queremos fazer no futuro e uma das coisas que, para nós, foi mais importante conseguir foi um espaço no centro da cidade de Ponta Delgada, porque o nosso trabalho necessitava disso, sobretudo para a apresentação de actividades, até porque não nos queríamos dispersar por vários espaços. Interessa-nos também propor uma programação alternativa à das grandes salas de espectáculos de Ponta Delgada, onde quase não há lugar para as pequenas iniciativas e para os artistas a solo. Essa foi uma das ideias da criação da Casa Descalça: conseguir fazer do centro de Ponta Delgada um espaço mais vivo em termos culturais.

Quantas pessoas constituem as ‘Descalças’?

Somos cinco fundadoras da cooperativa e, neste momento, sou a única trabalhadora a tempo inteiro das ‘Descalças’.

Têm números relativos aos vossos espectáculos e iniciativas de 2009, que mostrem um pouco da dimensão do trabalho das ‘Descalças’?

Tivemos 4525 espectadores em 2009 e realizámos 138 sessões entre espectáculos e oficinas de formação. O nosso público divide-se entre o adulto e as crianças e jovens, numa percentagem mais ou menos idêntica de 50 por cento para cada lado. Para nós isso é positivo, pois em 2008 ainda eram sobretudo as crianças e jovens o nosso público, quando nos interessava atingir mais um público adulto. Além disso, criámos no ano passado 21 coisas novas...

... Que apresentaram onde?

Um dos locais onde apresentamos muitas vezes o nosso trabalho é o Teatro Micaelense, porque temos uma avença mensal regular com o serviço educativo do Teatro, e tem sido essa a estrutura que nos tem permitido estrear muitas coisas novas por propostas nossas. Sentimos que há no Teatro Micaelense um respeito enorme pelo nosso trabalho. Recordo o recente espectáculo "O Deus das Moscas", numa adaptação de um texto célebre de um Prémio Nobel da Literatura (William Golding) que envolveu nove meses de trabalho com um grupo de pessoas adultas que querem continuar a fazer teatro. Testámos nesse projecto também um modelo integral de formação em artes e não apenas em teatro, e foi incrível ver o Teatro Micaelense esgotado, quando depois disso já fui ver lá espectáculos que não estavam cheios e alguns nem meia casa tinham...*

 

* Leia esta notícia na íntegra no jornal Açoriano Oriental de Domingo, 10 de Janeiro de 2010.

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