Autor: lusa
"Vamos verificar se isso é verdade e tornaremos público no caso de se justificar", disse hoje o ministro Yusuf Ahmadi à saída de uma reunião, classificando a informação como expediente de "propaganda".
O jornal New York Times foi o primeiro a dar a notícia, citando fontes governamentais norte-americanas não identificadas, de que o mulá Abdul Ghani Baradar, chefe militar e "número 2" dos talibãs, fora capturado "há vários dias" numa operação conjunta em Karachi (Sul do Paquistão) dos serviços de informações paquistaneses e CIA.
"Se o New York Times dá uma notícia, isso não se torna necessariamente uma verdade divina, pode ser uma falsidade", disse o ministro Yusuf Ahmadi.
"O Paquistão é um país soberano e, partindo desse princípio, não autorizamos ninguém a juntar-se às nossas operações, nem o permitiremos", disse o ministro, excluindo que a CIA possa ter participado na detenção de Baradar.
O mulá Baradar, chefe islamista que a imprensa norte-americana anuncia ter sido capturado no Paquistão, é o chefe militar dos talibãs afegãos e braço direito do seu líder na clandestinidade, o mulá Omar.
Segundo o New York Times, citando fontes governamentais norte-americanas sob anonimato, Baradar terá sido capturado "há vários dias" durante uma operação conjunta de forças paquistanesas e serviços secretos dos Estados Unidos.
De acordo com analistas no Paquistão e no Afeganistão, a confirmar-se a prisão de Baradar, seria um rude golpe para os talibãs.
Nascido na província de Uruzgan, no sul do Afeganistão, e pertencendo à influente tribo dos Popalzai, Abdul Ghani Baradar combateu contra os soviéticos nos anos 80 com o apoio dos Estados Unidos e do Paquistão.
Quando os talibãs tomaram o poder em Cabul em setembro de 1996, o mulá Omar recorreu a Baradar e este tornou-se então vice ministro da Defesa.
Após a queda dos islamistas em novembro de 2001, acusados de ter dado refúgio aos militantes da rede terrorista Al-Qaida responsável pelos atentados do 11 de setembro nos Estados Unidos, centenas de talibãs fugiram para o vizinho Paquistão.
Segundo a Interpol, Baradar, 42 anos, pertence desde maio de 2007 à "Chura de Quetta", uma assembleia de chefes tribais do sul do Paquistão.
Figura na lista de talibãs que são objeto de sanções da ONU, que ordenou o congelamento dos seus ativos e proibiu as suas deslocações.
Várias fontes referem que Baradar poderia estar ultimamente nas regiões transfronteiriças entre o Paquistão e o Afeganistão.