Autor: lusa
A três semanas do Conselho Europeu, a Espanha, que detém atualmente a presidência rotativa da União Europeia (UE) trocará impressões com Berlim sobre a estratégia destinada a substituir a chamada Agenda de Lisboa, que falhou o grande objetivo de tornar o espaço comunitário na zona económica mais competitiva do mundo até 2010.
Zapatero atribuiu anteriormente o fracasso da Agenda de Lisboa ao facto de as metas estabelecidas, como, por exemplo, o aumento da percentagem da população ativa para 70 por cento, não serem vinculativas, defendendo a introdução de “medidas corretivas” para os países que não cumprirem os objetivos da Agenda 2020.
Berlim, e também o Reino Unido, rejeitaram, no entanto, as propostas da presidência espanhola da UE para introduzir este tipo de sanções no articulado da Agenda 2020, cuja aprovação está prevista para junho, a encerrar a presidência espanhola.
Esta questão torna-se ainda mais candente numa altura em que os países da zona Euro, “núcleo duro” da UE, estão a braços com o colapso financeiro da Grécia, que será forçosamente um dos grandes temas da reunião entre Merkel e Zapatero.
A luta contra as alterações climáticas, o dossier nuclear do Irão, a situação no Médio Oriente e no Afeganistão estarão também na agenda dos dois chefes de governo.
Segundo fontes governamentais em Berlim, será também debatida a situação nos Balcãs, nomeadamente a independência do Kosovo, que a Alemanha se apressou a reconhecer, enquanto Madrid teve uma posição bem mais reservada.
A adesão da Turquia à UE é outro ponto em que os dois países divergem, e que poderá fazer parte das conversações.
Madrid comprometeu-se a impulsionar as negociações de adesão, durante a presidência rotativa da UE, enquanto Merkel se tem pronunciado contra a entrada da Turquia para a comunidade, propondo, em alternativa, uma “parceria privilegiada” entre Ancara e Bruxelas.
Fontes do governo espanhol citadas na imprensa local consideram também possível que Merkel e Zapatero abordem a questão dos direitos humanos em Cuba, que voltou a reacender-se após a morte de um conhecido dissidente, Orlando Zapata Tamayo, que esteve 85 dias em greve de fome.
Após a cimeira no Palácio Herrenhausen, os dois chefes de governo participam na inauguração da Cebit de Hannover, maior feira mundial de telecomunicações e tecnologias de informação, onde a Espanha é este ano o convidado de honra.