Mercado leiloeiro português é dominado pelas artes decorativas, com 71,42% das vendas

9 de fev. de 2013, 12:38 — Lusa / AO online

  A investigação foi desenvolvida entre 2010 e 2012 e lançada em janeiro deste ano, no livro "Os Leilões e o Mercado da Arte em Portugal - Estrutura, História e Tendências", da autoria de Alexandra Fernandes e Luís Urbano Afonso, coordenadores do projeto. O livro foi publicado no âmbito do projeto de investigação "O mercado leiloeiro de arte antiga e contemporânea em Lisboa" (2005-2011), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. A investigação foi ainda realizada em parceria com o Instituto de História da Arte – Centro de Investigação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (IHA-CI/ FLUL) e pela Unidade de Investigação em Desenvolvimento Empresarial do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa (UNIDE/ISCTE-IUL). No estudo, que incide sobre dados de 2005 a 2011, os investigadores concluíram que a pintura e a escultura representam, respetivamente, 19,8% e 5,7% dos lotes vendidos nos leilões. Dentro das artes decorativas, as peças de ourivesaria e prataria lideram (21,55%), seguindo-se o mobiliário (19,09%), as porcelanas (16,9%), a joalharia e relógios (7,41%) e as faianças (5,75%). A maioria das peças levadas a leilão (87,1%) tem data posterior a 1700, sendo que dois em cada três objetos leiloados datam dos séculos XIX, XX ou XXI, e é raro o aparecimento de peças muito antigas, produzidas durante o Paleolítico e o Neolítico, no Antigo Egito ou na Roma Antiga. O estudo indica ainda que o mercado português é maioritariamente caracterizado por compradores e vendedores internos, de origem nacional. Por outro lado, mais de metade dos lotes levados a leilão foram produzidos em Portugal (54,42%), sendo a Ásia a segunda grande área de origem dos lotes (14,05%), sobretudo pelo peso das porcelanas chinesas, seguida da Europa (10,65%), sem especificação de país. Segundo os investigadores, de uma maneira geral, este comportamento dos consumidores imita a tipologia das melhores coleções privadas formadas em Portugal durante o Estado Novo, "pelo que se pode falar de um prolongamento dos valores simbólicos associados a este tipo de posse e consumo". Foi na entrada do novo milénio que o mercado nacional começou a assistir a duas grandes mudanças, motivadas "pela criação de algumas coleções de arte privadas, pela maior sofisticação do público, em matérias artísticas, e por um novo comportamento das elites económicas, na definição dos bens simbólicos que definem o seu estatuto social". Concluíram que a primeira grande mudança consistiu no crescente interesse pela arte moderna e contemporânea nacional, através da constituição de coleções privadas, pessoais e corporativas. Também se assistiu ao aumento do número de galerias de arte especializadas em arte moderna e contemporânea.