Açoriano Oriental
Manifestação nas Furnas pediu "discussão pública" de tarifas na lagoa
Cerca de cinquenta pessoas manifestaram-se este domingo na lagoa das Furnas, Açores, contra a introdução de taxas para aceder à zona das caldeiras e parte das margens, apelando à suspensão e "discussão pública" desta medida.
Manifestação nas Furnas pediu "discussão pública" de tarifas na lagoa

Autor: AO/Lusa

 

O protesto, pacífico e silencioso, foi organizado pelo Movimento Lagoa das Furnas, que contesta estas taxas introduzidas pela câmara municipal da Povoação no dia 01 de março.

As taxas obrigam ao pagamento de uma entrada de cinquenta cêntimos por pessoa numa parte das margens da lagoa, usada para piqueniques e onde ficam as caldeiras, o local onde são feitos os típicos cozidos das Furnas, em covas no solo, aproveitando o calor natural da terra.

Além da entrada, passou ainda a ser cobrado o estacionamento dos carros, com preços que variam segundo o tempo de permanência no parque, e a utilização das covas dos cozidos.

“Como comprovadamente está à vista, com a aplicação das taxas, a lagoa fica deserta e reduz muito significativamente o afluxo de pessoas às Furnas, que, como todos sabem, vivem do turismo”, disse aos jornalistas Luís Quental, da associação empresarial das Furnas, que integra o movimento que organizou o protesto de hoje.

Segundo Luís Quental, há já uma “redução efetiva da atividade económica" nas Furnas, dizendo que o impacto se nota desde há meses, quando “se começou a falar das tarifas”, porque as pessoas começaram a pensar que já se pagava .

Com a instalação de cancelas para aceder à zona paga, o impacto tornou-se “bastante visível”, acrescentou, dizendo que o Movimento Lagoa das Furnas quer, “em primeiro lugar”, que haja “discussão pública” sobre este assunto.

“[Pretendemos] Que o presidente da câmara da Povoação, o diretor regional do Ambiente, o secretário regional do Ambiente, enfim, quem levou a cabo esta malvadez, se viesse sentar connosco e explicasse quais são as virtudes destas medidas, porque até agora só temos visto aspetos negativos”, explicou.

Os empresários da restauração das Furnas, que usam a zona das caldeiras para fazer cozidos, reuniram-se em março do ano passado com o município e concordaram com o princípio de os restaurantes pagarem taxas para usar as covas no solo a troco da garantia de prestação de um serviço de organização, segurança e manutenção do local.

“Mas ficou de haver uma segunda reunião para limar algumas arestas e essa reunião, de facto, nunca veio a acontecer. E nessa reunião também não foi falado em todas as outras taxas. Apenas numa taxa para restauração”, vincou Luís Quental.

Também Carla Mendes, que trabalha numa frutaria das Furnas, garantiu que desde há um ano há menos pessoas na freguesia, a comprar os produtos locais, como acontecia antes de se falar nas taxas na lagoa.

Dizendo que é compreensível a introdução de taxas nas caldeiras, vincou que, no entanto, em causa está também o pagamento para aceder a parte das margens da lagoa, onde há mesas de piquenique e que normalmente são usadas não por turistas, mas por habitantes da ilha de São Miguel.

“O turista pode pagar cinquenta cêntimos, gosta de ver e vai-se embora. Quem vai pagar por medida grossa, o estacionamento, a caldeira, a entrada, são os micaelenses, eles sim, é que enchem estas mesas todas. E não é certo sermos turistas na nossa terra”, defendeu.

Os presentes no protesto questionaram ainda, em declarações aos jornalistas, a legalidade de taxar o acesso às margens da lagoa, que são espaços públicos.

As taxas começaram a ser cobradas há uma semana, mas hoje à tarde, à hora do protesto, não estavam a ser cobrados pagamentos por, segundo informações recolhidas no local junto do pessoal que assegura a manutenção do espaço, o sistema de controlo das cancelas ter avariado.

 

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