Açoriano Oriental
Estudo
Maioria dos estebelecimentos vende a menores de 18 anos
A Associação de Defesa do Consumidor (DECO) visitou 105 estabelecimentos distribuídos por cinco cidades do país, para verificar se vendiam tabaco a menores de 18 anos e constatou que 72 não cumpriam a lei.
Maioria dos estebelecimentos vende a menores de 18 anos

Autor: Lusa/AO Online

 

O estudo, que vai ser publicado na edição de agosto da revista Teste Saúde, decorreu em março e abril, e contou com a colaboração de jovens entre os 13 e os 16 anos que visitaram lojas em Coimbra, Évora, Faro, Lisboa e Porto, para verificar se é cumprida a lei que proíbe a dispensa de tabaco a menores.

Os jovens verificavam se os estabelecimentos tinham o aviso de “venda proibida a menores” e pediam um maço de cigarros, nunca se identificando como colaboradores de DECO.

Sempre que foram questionados sobre a idade, os jovens disseram a idade verdadeira e mostraram o cartão de identidade, quando lhes foi pedido. Após cada visita, registaram os acontecimentos num questionário.

Segundo o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, Évora, Lisboa e Porto foram as cidades “com maior proporção de estabelecimentos a vender cigarros a menores de 18 anos”.

A DECO revela alguns comentários feitos por funcionários de algumas lojas.

“Sabem que a venda de tabaco a menores é proibida?”, comentou o funcionário de uma papelaria em Lisboa ao entregar um maço de tabaco aos jovens de 14 e 15 anos, acrescentando: “15 + 15 = 30 [referência à idade dos jovens]: posso vender, mas tenham cuidado, escondam-no.”

“Vendo, mas contra a minha vontade”, “Tens de ter cuidado com isso”, “É para o pai, não é? [com um piscar de olho]” foram outros comentários ouvidos pelos jovens durante o estudo, enquanto lhes punham os cigarros na mão ou acionavam a máquina de dispensa automática.

O vendedor deve pedir, em caso de dúvida quanto à idade do cliente, um documento de identificação.

Em 32 estabelecimentos, os funcionários fizeram-no ou perguntaram a idade. Porém, a resposta não impediu a concretização do negócio em seis casos, adianta a DECO.

Os jovens conseguiram comprar cigarros em todas as cidades, mas em Coimbra e Faro tiveram mais dificuldade. Nestas cidades, apenas metade das lojas satisfez o pedido, enquanto em Lisboa e Porto foram quase três quartos a fazê-lo e, em Évora, 87 por cento.

O sistema de bloqueio da máquina automática tornou-se obrigatório para barrar o acesso direto a menores, mas, em 38 locais com máquinas, 23 quebraram as regras e acionaram o sistema de dispensa a pedido dos menores.

“A maioria dos comerciantes ficou mal nesta fotografia, embora com mais uns euros no bolso”, comenta a DECO.

Para a associação, as atitudes registadas durante o estudo contribuem para “o alastrar do tabagismo entre os jovens, cujo organismo, ainda em desenvolvimento, é particularmente sensíveis aos efeitos nefastos do fumo”.

“Em cada cinco que experimentam, três tornam-se fumadores regulares”, estimando-se que metade destes venha a morrer por doenças relacionadas com o tabaco.

A curiosidade e a influência dos amigos podem ser fatores decisivos para a iniciação, mas o acesso fácil aos produtos também assume um papel importante, alerta, defendendo que a prevenção é “melhor estratégia” para evitar que os jovens comecem a fumar.

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