Autor: Lusa/AO online
Lula da Silva, ouvido já pela justiça no âmbito do megaprocesso de um escândalo de corrupção no caso "Lava Jato", foi empossado quinta-feira como ministro-chefe da Casa Civil brasileira, ato anulado 40 minutos depois pela Justiça e que levou a presidência de Dilma Roussef a recorrer da decisão.
Na "carta aberta", distribuído na noite de quinta-feira pelo Instituto Lula, o ex-presidente brasileiro afirma lamentar os "tristes e vergonhosos episódios das últimas semanas", sublinhando, porém, que não deixará de acreditar no poder judiciário.
"Sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos diretamente e legalmente interessados, foram praticado atos injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família", afirma no documento.
"Nem me farão perder a esperança no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros e ministras da Suprema Corte. Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático", acrescentou.
Sobre a divulgação de partes de conversas telefónicas com parentes e políticos, com as que manteve com Dilma Roussef, o ex-presidente disse não se conformar.
"Não me conformo que palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do sigilo das informações", referiu.
Lula da Silva disse esperar dos membros do poder judiciário "isenção e firmeza" na administração da Justiça e que "garantam o cumprimento da lei e o respeito inarredável ao Estado de direito".
"Creio também nos critérios da impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados incumbidos desta nobre missão", acrescentou.
O juiz Sérgio Moro retirou na quarta-feira o sigilo de interceções telefónicas do ex-presidente, o que permitiu revelar conversas gravadas pela Polícia Federal com a presidente Dilma Rousseff, que o nomeou como ministro chefe da Casa Civil.