Autor: Luís Pedro Silva
A vitória do concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia foi atribuída,
pela primeira vez, a José Pereira, um jovem produtor de 34 anos,
residente na freguesia da Maia.
A vaca Francisca, filha do touro
Sanchez, foi a eleita pelo juiz Thomas Kelly, natural da República da
Irlanda, como o melhor exemplar que esteve no concurso, em 2018.
“Já
participei muitas vezes neste concurso, mas foi a primeira vez que
venci o prémio da vaca grande campeã. É um momento muito alto da minha
vida e não tenho palavras”, reagiu de forma emocionada o vencedor do
concurso, após saber que a sua vaca tinha ganho o prémio mais desejado
por todos os lavradores que apresentaram os seus animais nesta
competição.
José Pereira ficou “orgulhoso” desta conquista e garante haver “muito trabalho e dedicação” para atingir este resultado.
“Com a qualidade dos animais presentes neste concurso não é fácil atingir esta vitória”, acrescentando que “é preciso trabalhar arduamente para chegar a este nível”.
A vaca grande campeã do concurso micaelense, Francisca, também venceu o prémio do melhor úbere.
O
proprietário refere que a base do sucesso “está nos bons cruzamentos
genéticos” e define a vaca como um “animal com muita força, bom caráter
leiteiro, excelentes pernas, úbere e veias mamárias”.
Foram estas as
características valorizadas pelo juiz do concurso, que já participou em
provas realizadas na Alemanha, França, Dinamarca, Suécia, Espanha,
Reino Unido, Hungria e Polónia.
Thomas Kelly ficou com a tarefa de
escolher os melhores animais de cada secção, que passavam para uma
segunda fase aonde se escolhia a vaca campeã jovem, vaca campeã
intermédia e vaca campeã adulta. Deste conjunto de animais saiu depois a
grande vaca campeã.
O concurso das vacas da raça Holstein Frísia
arrastou milhares de pessoas, ao longo dos últimos três dias, para o
Parque de Exposições da ilha de São Miguel, em Santana, num momento de
festa que terminou com a eleição da melhor vaca no sábado à noite.
A vaca vice grande campeã do concurso é propriedade de Nélson Pereira, produtor de 43 anos da freguesia das Feteiras.
“Este animal ganha desde os seis meses prémios neste concurso. Tem vindo sempre a ganhar e a subir de categoria. Acredito que ainda vai chegar ao topo do concurso”, afirmou.
Em comum os dois jovens produtores,
proprietários dos dois melhores animais a concurso, está a confiança no
setor leiteiro nos Açores.
José Pereira conta em aumentar o número
de animais na sua exploração e entrar para o programa das Vacas Felizes
da Bel. O mesmo projeto está a ser desenvolvido pelo produtor Nélson
Pereira, que está a investir em novos equipamentos para entrar no
programa das Vacas Felizes.
“É preciso continuar a trabalhar e a apostar na agricultura. Acredito no futuro da produção do leite”, destacou.
Jorge
Rita, presidente da Associação Agrícola de São Miguel, assinalou que
este foi um “concurso extraordinário a todos os níveis, com animais de
grande qualidade”.
“Os produtores realizam um trabalho invisível no melhoramento da genética, com uma paixão incrível pelos animais, e estivemos perante o melhor concurso de sempre na Região e um dos melhores a nível nacional”, salientou o presidente da associação.
Preço do leite nos Açores merece explicação
O
presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, assistiu à
final do concurso de vacas na companhia de Ulisses Correia e Silva,
primeiro-ministro de Cabo Verde.
“É uma oportunidade para a agropecuária reforçar a colaboração económica entre os Açores e Cabo Verde. Esta é uma das principais áreas de atividade e constitui uma área aonde Cabo Verde necessita de importar bens”, revelou em declarações à rádio TSF-Açores.
O presidente do executivo regional considera que é
necessário as indústrias apresentarem uma “explicação muito clara e
concreta” sobre o preço do leite pago aos produtores nos Açores.
Vasco
Cordeiro lembrou que o preço do leite pago aos produtores nos Açores já
esteve próximo dos valores praticados no continente, mas que se voltou a
criar uma distância ao longo dos últimos anos.
“Ao nível dos
mercados a situação está melhor. A qualidade da matéria prima é uma
evidência e é necessário que isto se repercuta também no preço pago ao
produtor”, referiu o líder do governo que espera que sejam “encontrados
pontos de equilíbrio” entre a produção, indústria e distribuição.