Autor: Lusa/ AO
Em entrevista à Visão, João Cravinho, que renunciou no início do ano ao mandato de deputado para administrar o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) em Londres, diz ter ido até ao limite do que podia no debate sobre combate à corrupção.
"Foi dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como um corpo estranho no corpo ético do PS. Apesar de algumas dificuldades que antevia, não contava com uma atitude de absoluta incompreensão para a Natureza real do fenómeno da corrupção", diz Cravinho à revista.
No verão do ano passado, João Cravinho lançou a discussão interna sobre a matéria, quando apresentou no Parlamento várias medidas para prevenir e combater a corrupção, que não tinham sido concertadas com a bancada do PS.
“Fui até ao limite do que podia. Após um processo longo e de muitas discussões, formei uma ideia sobre as razões das divergências profundas - porque as havia e eram manifestas - entre mim e a direcção do grupo parlamentar em questões fulcrais”, disse.
João Cravinho refere que “a primeira divergência diz respeito a um juízo político e ético sobre a situação da corrupção em Portugal e o seu efeito corrosivo sobre o funcionamento das instituições democráticas”.
“Penso que é um fenómeno grave, extenso e sem mecanismos de contenção à altura. Alguns dos meus camaradas não são nada dessa opinião”, refere.
“O presidente do grupo [Alberto Martins] disse que o fenómeno existia, mas que Portugal não estava numa situação particularmente gravosa. Pelo contrário, nas comparações internacionais estava muito bem. Fiquei de boca aberta”, disse o ex-deputado socialista à Visão.
Em entrevista à João Cravinho disse ainda que também havia divergências sobre a natureza do fenómeno, salientando ter prevalecido no debate uma visão eminentemente policial da corrupção.
“(…) Existe esse lado policial, que também é importante - e não podem acusar-me de o ignorar, porque pedi e fiz propostas orçamentais que, aliás, só foram aprovadas parcialmente para reforço do combate policial e da investigação criminal”, referiu.
Segundo João Cravinho, um dos grandes problemas é a “corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou da preparação da decisão por parte de lóbis”.
No entender do ex-deputado, a corrupção, “antes de ser um fenómeno do domínio policial é um problema de risco, de sistema a ser gerido e não reprimido como se fosse um conjunto de factos isolados”.
“Deve ser objecto de uma responsabilização total, a nível administrativo e político. E ficou evidente que esta ideia não era partilhada. Assim como o papel do Parlamento no controlo do combate à corrupção”, afirmou.
"Foi dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como um corpo estranho no corpo ético do PS. Apesar de algumas dificuldades que antevia, não contava com uma atitude de absoluta incompreensão para a Natureza real do fenómeno da corrupção", diz Cravinho à revista.
No verão do ano passado, João Cravinho lançou a discussão interna sobre a matéria, quando apresentou no Parlamento várias medidas para prevenir e combater a corrupção, que não tinham sido concertadas com a bancada do PS.
“Fui até ao limite do que podia. Após um processo longo e de muitas discussões, formei uma ideia sobre as razões das divergências profundas - porque as havia e eram manifestas - entre mim e a direcção do grupo parlamentar em questões fulcrais”, disse.
João Cravinho refere que “a primeira divergência diz respeito a um juízo político e ético sobre a situação da corrupção em Portugal e o seu efeito corrosivo sobre o funcionamento das instituições democráticas”.
“Penso que é um fenómeno grave, extenso e sem mecanismos de contenção à altura. Alguns dos meus camaradas não são nada dessa opinião”, refere.
“O presidente do grupo [Alberto Martins] disse que o fenómeno existia, mas que Portugal não estava numa situação particularmente gravosa. Pelo contrário, nas comparações internacionais estava muito bem. Fiquei de boca aberta”, disse o ex-deputado socialista à Visão.
Em entrevista à João Cravinho disse ainda que também havia divergências sobre a natureza do fenómeno, salientando ter prevalecido no debate uma visão eminentemente policial da corrupção.
“(…) Existe esse lado policial, que também é importante - e não podem acusar-me de o ignorar, porque pedi e fiz propostas orçamentais que, aliás, só foram aprovadas parcialmente para reforço do combate policial e da investigação criminal”, referiu.
Segundo João Cravinho, um dos grandes problemas é a “corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou da preparação da decisão por parte de lóbis”.
No entender do ex-deputado, a corrupção, “antes de ser um fenómeno do domínio policial é um problema de risco, de sistema a ser gerido e não reprimido como se fosse um conjunto de factos isolados”.
“Deve ser objecto de uma responsabilização total, a nível administrativo e político. E ficou evidente que esta ideia não era partilhada. Assim como o papel do Parlamento no controlo do combate à corrupção”, afirmou.