Açoriano Oriental
Joana Vasconcelos partilha obra com artistas antes da inauguração em Macau
Joana Vasconcelos apresentou hoje a artistas, em Macau, a sua nova obra da série "Valquíria", que está a instalar num casino local e que cria uma relação entre o mar e elementos da arquitetura portuguesa.
Joana Vasconcelos partilha obra com artistas antes da inauguração em Macau

Autor: Lusa/AO Online

 

A "Valkyrie Octopus" está a ser instalada na Grande Praça do casino MGM Macau, uma área com nome e réplicas arquitetónicas da cidade de Lisboa, como a Casa dos Bicos. Com nove metros de altura, a obra está assente num aquário de grande dimensão – elemento central da praça – vai incorporar luz LED (Díodo Emissor de Luz), e estende-se ao longo de 34 metros.

A instalação, que “cria uma relação entre o ‘patchwork’ da cidade de Lisboa, com alguns elementos muito tradicionais, como é o caso dos azulejos e a calçada portuguesa”, vai ser concluída esta semana, para estar em exibição a partir do próximo fim de semana, até ao final de outubro.

Esta é a primeira mostra a solo de Joana Vasconcelos na Ásia. Habituada a desafios fora dos sítios tradicionais da arte contemporânea – os museus e as galerias –, considera que montar e expor a sua obra num casino é “só mais um espaço”.

“Se é um hotel ou é um casino, pouco me importa. Para mim, o que é importante é o que a obra cria com a componente arquitetónica. Nós aqui temos uma arquitetura fácil de interpretar porque é Lisboa – um sítio que eu conheço – e além do mais tinha este aquário, um elemento com o qual eu tive de me relacionar e interagir”, afirmou a artista plástica portuguesa.

Ainda assim, garante que a experiência lhe trouxe novos estímulos e representa “um passo em frente” nas suas capacidades. “Estou muito contente de estar em Macau porque, com este espaço, tive de expandir e ir mais longe dentro das minhas capacidades, e tive de construir com mais inteligência a peça para ela poder crescer”, avaliou.

Sobre o impacto do trabalho pelos visitantes e transeuntes, Joana Vasconcelos disse não ter “nenhumas expectativas”, até porque leva algum tempo até o artista “saber o que é que a comunidade vai pensar” sobre a obra.

“A única expectativa que eu tenho sempre – em Lisboa, em Nisa, em Montpellier, em Inglaterra ou na Ásia –, é que a comunidade local, seja ela de que nacionalidade for, possa usufruir e tirar partido daquilo que eu faço, e que eu possa crescer com o conhecimento e com a apreciação que essa comunidade faz da minha obra”, descreveu.

“E o que eu tenho vindo a aprender, ao expor 98% fora do meu país, é que é melhor não estar à espera de nada, porque vou sempre ser surpreendida”, sublinhou.

Presente na apresentação, o designer português radicado em Macau António Conceição Júnior considerou “significativa” a deslocação da artista plástica à região. “Penso que é muito importante, na medida em que há muitos anos, pelo menos desde a transferência de soberania, que não vinha (…) um artista com a importância de Joana Vasconcelos”.

Por outro lado destacou o facto de a instalação ser “composta por elementos ligados à cultura portuguesa como a azulejaria (…) os bordados e crochês”.

Já o artista russo Konstantin Bessemertny, também a viver em Macau, salientou a mais-valia da peça de Joana Vasconcelos num espaço de jogo: “Sempre tive conflitos com a maneira como constroem os casinos, mas vi que Joana podia adaptar e mudar tudo aquilo que eu não gosto” num casino, transformando-o de uma maneira mais artística.

“A Joana [Vasconcelos] ainda não terminou a obra, mas eu tenho imaginação. Ela explicou como é que vai ficar a ‘Valkyrie Octopus’ e eu conheço a obra da Joana desde o início. Fui surpreendido com a sua obra em Veneza, na última década, e sempre gostei de trabalhos dela”, concluiu.

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