Açoriano Oriental
"IO" de Né Barros e José Alberto Gomes em antestreia nos Açores

O espetáculo “IO”, de Né Barros e José Alberto Gomes, é o primeiro de uma série sobre “Paisagens, máquinas e animais” e tem antestreia marcada para esta sexta-feira, no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande.

"IO" de Né Barros e José Alberto Gomes em antestreia nos Açores

Autor: Lusa/AO Online

O espetáculo parte de um conceito de contrastes na paisagem de IO, umas das quatro grandes luas de Júpiter, onde coexistem vulcões e glaciares, uma ideia explorada por José Alberto Gomes (BlacKoyote), no álbum com o mesmo nome, e que serve de suporte musical à peça.


Nesta, a coreógrafa Né Barros explora, também, a dimensão mitológica, pegando no mito greco-romano em que Zeus transforma a princesa Io numa novilha para esconder a paixão que sentia por ela de Hera, sua mulher.


Com interpretação dos bailarinos Beatriz Valentim e Bruno Senune, e assistência de Flávio Rodrigues, o espetáculo chega ao Arquipélago numa versão “com bastante corpo e muito próxima de uma apresentação final, só que com uma duração mais curta”, explicou Né Barros à Lusa.


O espetáculo resulta de uma residência artística que realizou no espaço.


“Pensamos que um lugar ideal para começar este projeto seria, precisamente, o Arquipélago, porque está nos Açores e os Açores são um lugar muito singular, muito forte, que nos transmite alguma inquietação do ponto de vista da paisagem e daquilo que sentimos quando olhamos em volta. Não é, propriamente, aquele lugar apaziguador, digamos”, referiu a coreógrafa.


Né Barros adiantou que “o que se passa ali em palco é sempre um lugar poético, de uma intersubjetividade que não quer dizer que as pessoas estejam a ler exatamente”, mas acredita que “se pode manter aquilo que é residual, o que fica desta experiência com o lugar”.


O espetáculo é guiado pelos temas do álbum “IO”, sendo que, a versão final, com estreia em 01 de outubro no Coliseu do Porto, contará com atuação ao vivo.


“IO” é a primeira peça de uma série na qual a coreógrafa prevê que “terá três, eventualmente, no máximo, quatro” outras, dedicada a “Paisagens, máquinas e animais”.


“O próximo já está mais ou menos desenhado: vai chamar-se ‘Neve’ e irá remeter para um lado mais homogéneo. Vamos chamar ‘Neve’, mas podia ser um deserto de areia, é aquilo que uniformiza o que está por baixo, é quase uma camada, um manto. Já está mais ou menos desenhado e terá a estreia ou ainda em 2020 ou no início de 2021”, adiantou a coreógrafa.


Quanto ao terceiro e, potencialmente, o último trabalho da série, ainda pouco pode adiantar, já que está “numa fase embrionária”, pelo que a bailarina ainda nem sabe se será um espetáculo ou uma peça em vídeo.


O tema que une Né Barros e José Alberto Gomes vem de um interesse em relacionar esses elementos “com a ideia de um corpo em movimento e de como é que ele se transforma, também, numa espécie dançante por uma série de invocações que possa ter, mas também em relação a este lado do corpo-imagem”.


Em “IO”, Né Barros foi buscar a mitologia: “Aí há uma relação entre um homem e uma mulher e, aí sim, eles vão variando entre esta noção de um corpo-paisagem, um corpo máquina e um corpo-animal”, afirmou, para acrescentar: “Este desdobramento é trabalhado desta forma”.


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