Açoriano Oriental
Investigadora estuda particularidades do Carnaval da Graciosa
A investigadora Teresa Perdigão está a estudar há um ano o Carnaval da ilha Graciosa evento "para ser vivido e não exibido" e que no passado o primeiro baile teria lugar no dia de Natal.
Investigadora estuda particularidades do Carnaval da Graciosa

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

A antropóloga da Universidade Nova de Lisboa, que conhece a ilha há duas décadas, explicou que sempre procurou resposta à pergunta por que se mantém este Carnaval na Graciosa, ilha do grupo central do arquipélago com cerca de 4200 habitantes.

"Foi isso que me despertou uma certa curiosidade e também o facto de pessoas aqui na ilha me terem dito - isto é uma expressão de uma graciosense que nasceu e vive aqui - que este Carnaval era intimista", afirmou Teresa Perdigão, que já estudou e publicou trabalhos sobre carnavais de Portugal continental, como o de Ílhavo ou Cabanas de Viriato.

A investigadora do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição daquela universidade explicou que "o Carnaval, normalmente, é exibicionista e não intimista", mas admite que esta característica "tem razão" de ser na Graciosa.

"Este Carnaval é de salão e não de rua, essencialmente", declarou, considerando que o caráter intimista do Carnaval da Graciosa é um dos seus "aspetos importantes", mas "não o único", realçando que é "muito, muito vivo e muito vivido pelas diferentes comunidades".

Segundo a antropóloga, o Carnaval nesta ilha "é intimista porque se passa dentro dos salões, é alegre porque movimenta as pessoas no sentido de darem vida às suas coreografias, é muito participado porque as pessoas dançam, não é um Carnaval que se dá a ver apenas".

"Não se trata de um Carnaval para ser visto, mas para ser vivido", adiantou Teresa Perdigão, assinalando "o dinamismo que esta atividade provoca em todas as comunidades, em todas as freguesias, em todos os clubes e, mesmo, a nível familiar".

Destacando que "é um frenesim que existe na ilha durante esta altura", a investigadora sustenta que o Carnaval da Graciosa "faz acreditar que a festa, quer dizer, a interrupção do quotidiano numa comunidade, é muito importante para criar ou reforçar os laços de coesão entre essa comunidade, entre vizinhos, entre família e entre amigos".

No trabalho que está a desenvolver e que deverá precisar de mais um ano para ser concluído, Teresa Perdigão considera que "seria de pensar a inscrição deste Carnaval no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial".

O presidente da Câmara de Santa Cruz da Graciosa, Manuel Avelar Santos, afirmou à Lusa que o Carnaval "é a maior festa popular que se realiza no inverno" na ilha.

"Do Natal até ao dia do Entrudo é uma festa constante", garantiu, salientando que se trata de "uma grande folia, que envolve centenas de pessoas".

O autarca acrescentou que o evento, que o município apoia "dentro das possibilidades", dinamiza, também, a economia do concelho, onde "toda a gente tem de ser costureira nesta altura do ano".

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