Açoriano Oriental
Inspeção das Pescas dos Açores destaca importância dos meios de fiscalização aéreos
As missões de fiscalização marítima da Força Aérea Portuguesa detetaram apenas duas infrações ligadas à pesca nos Açores, nos últimos oito anos, mas para o inspetor regional das Pescas estas ações são fundamentais.

Autor: Lusa/AO Online

“Com estes meios aéreos conseguimos cobrir maiores áreas, ter em pouco espaço de tempo uma maior área fiscalizada e vigiada, e conseguimos ter informação que nos permite depois vetorizar o meio naval, quando há essa necessidade, e conhecer de uma forma mais concreta quem é que anda no mar, se apenas embarcações que recebemos através de satélite a posição ou se existem outras na”, disse à agência Lusa Rogério Ferraz.

O inspetor regional das Pescas falava à margem de uma missão de fiscalização que ocorreu esta semana, nos Açores, e que a Lusa acompanhou.

Segundo o responsável, foram identificadas em flagrante pelos meios aéreos apenas duas infrações nos últimos oito anos, das quais apenas um caso se comprovou, relativo a uma embarcação que estava a operar numa área em que não era permitido.

“Situações que há seis, sete anos, eram recorrentes de acontecerem, de embarcações não licenciadas e de operações em áreas onde não podiam operar, hoje são menos comuns”, explicou, notando que agora sucedem “situações mais de detalhe e de pormenor, algumas com uma maior gravidade”, mas que no passado não se tinha “o controlo suficiente para conseguir chegar a elas”.

Há cerca de três anos que não são detetadas, nem pela Força Aérea, nem por outros meios, situações de invasão das 100 milhas junto à costa dos Açores por embarcações estrangeiras.

De acordo com Rogério Ferraz, a troca de informações entre a Força Aérea, a Marinha, as forças policiais e a Inspeção Regional das Pescas é fundamental para a deteção de irregularidades.

“Seria ótimo ter cá um avião com esta capacidade todos os dias, mas isto envolve oito pessoas a bordo, combustível, tempo de voo. É importante fazer cada vez mais e ser eficiente e é isso que temos tentado fazer nos últimos anos”, salientou.

Em cada voo de fiscalização, os militares da Força Aérea procuram identificar infrações ligadas às pescas e a atividades ilícitas, como imigração ilegal ou tráfico de estupefacientes e armas, mas também detetar poluição das águas e controlar o tráfego marítimo.

Os novos aviões C-295 permitem que a Força Aérea cubra uma área mais vasta, com maior pormenor e num espaço de tempo mais curto.

Num dia com condições meteorológicas adversas, os militares conseguiram fiscalizar 1.100 milhas, em seis horas e meia.

“Com o Aviocar precisava de três missões de cinco horas cada uma para fazer o que fiz agora numa missão de seis”, adiantou à Lusa um militar da Esquadra 502 da Força Aérea.

Nos Açores, o tráfego marítimo é menor do que noutras regiões, mas a área é vasta e as condições meteorológicas dificultam por vezes as operações, como foi o caso esta semana.

Em cerca de seis horas e meia, a Força Aérea Portuguesa identificou visualmente três embarcações de pesca e vários veleiros.

Além disso, os militares contactaram um navio mercante que se encontrava com o sistema de identificação desligado, evitando a possibilidade de colisão com outra embarcação.

“Se não tivéssemos feito esta missão, provavelmente aquela embarcação iria continuar a navegar com o AIS [Automatic Identification Sistem] desligado, porque o comandante admitiu que não se tinha apercebido dessa situação, o que poderia mais à frente, por exemplo, causar um acidente”, referiu o responsável pela missão.

 

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