Açoriano Oriental
Imagens choque devem estender-se aos maços de cigarrilhas

As imagens choque nos maços de tabaco devem estender-se às cigarrilhas, pois o consumo está a aumentar e são mais baratas e acessíveis, segundo a diretora do Programa Nacional para Prevenção do Tabagismo.


Autor: AO Online/ Lusa

Em declarações à agência Lusa, a diretora do Programa Nacional de Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT), Emília Nunes, explicou que, neste momento, as mensagens e imagens de choque só estão a ser incluídas nas embalagens de cigarros, tabaco de enrolar e tabaco chica.

“Poderíamos ter incluído sobretudo nas cigarrilhas porque estamos a assistir a um grande aumento do consumo, são muito baratas e muito acessíveis, e por não terem mensagens transmite-se a ideia de que são mais inócuas, o que não é verdade”, afirmou.

Quanto aos novos produtos do tabaco, a responsável recorda que estão sujeitos a uma diretiva e que as autoridades teriam de analisar de que forma esta diretiva poderia permitir tais mensagens.

“Temos de ser rigorosos. Essas imagens são verdadeiras para aqueles produtos [os cigarros]. Para os novos [produtos de tabaco], nós ainda não sabemos se as imagens são exatamente aquelas. Podem surgir até outros tipos de riscos que ainda nem sequer são conhecidos hoje”, afirmou.

O relatório de 2019 do PNPCT, a que a Lusa teve acesso, aponta a “necessidade de rever as disposições em matéria de rotulagem, com o alargamento a todos os produtos do tabaco das mensagens de saúde combinadas, com texto e imagem”.

O documento defende que a promoção da cessação tabágica “é a abordagem que permitirá reduzir a mortalidade por doenças associadas ao tabaco nos próximos vinte a trinta anos”.

“Parar de fumar antes da meia-idade oferece os maiores benefícios em saúde”, diz o relatório, que recorda a tendência de aumento do consumo de tabaco pelas mulheres, o que “exigirá a adoção de medidas que desincentivem a iniciação do consumo nas adolescentes e promovam a cessação tabágica nas mulheres adultas”.

“O período da gravidez e a vigilância da saúde da criança oferecem uma oportunidade ótima de sensibilização da mulher e dos jovens casais para a cessação tabágica”, sugere o documento, que diz que a prevenção do tabagismo deve igualmente ser integrada noutros programas nacionais, orientados para a promoção da saúde no ciclo de vida, a prevenção da doença crónica e a promoção de ambientes saudáveis.

“O tabaco continua a ser um dos mais importantes problemas globais de saúde pública, apesar dos esforços e das medidas de prevenção e controlo já adotadas”, diz o relatório, que aponta estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) segundo as quais morrem por ano mais de oito milhões de pessoas por doenças associadas ao tabaco, das quais cerca de 1,2 milhões por exposição ao fumo ambiental.

Em comparação com o resto do mundo, a Região Europeia da OMS apresenta uma das proporções mais elevadas de mortes atribuíveis ao tabaco. Nesta Região, segundo estimativas da OMS, o consumo de tabaco é atualmente responsável por 16% de todas as mortes em adultos com mais de 30 anos

Em 2017, de acordo com estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), citadas no relatório, morreram em Portugal mais de 13.000 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco, das quais 10.588 homens (18,6% do total de óbitos) e 2.515 mulheres (4,4% do total de óbitos).

“A maior percentagem de óbitos atribuíveis ao tabaco registou-se no grupo etário dos 50 aos 69 anos. Neste grupo etário, um em cada quatro óbitos foi atribuível ao tabaco”, acrescenta.

O ato de fumar é uma das principais causas evitáveis de doenças crónicas não transmissíveis, com destaque para o cancro, as doenças cérebro-cardiovasculares, as doenças respiratórias crónicas e a diabetes mellitus tipo 2.

Em 2017, segundo estimativas elaboradas pelo IHME, “o tabaco contribuiu para 19,6% dos óbitos por cancro, 28,1% dos óbitos por doença respiratória crónica, 8,7% dos óbitos por doenças cérebro-cardiovasculares e 9,8% dos óbitos por diabetes mellitus tipo 2”, refere o documento, salientando que “a taxa de mortalidade por cancro da traqueia, brônquios e pulmão atribuível ao tabaco está a aumentar nas mulheres”.


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