Autor: Lusa/AO online
Numa amostra de 20 casais do mesmo sexo e casados pelo civil, encontrou-se uma “multiplicidade de estratégias” para conseguirem ter filhos, disse à Lusa a coordenadora do estudo, Sofia Aboim, numa entrevista telefónica.
As entrevistas realizadas a casais homossexuais, que celebraram casamento, indicam que as estratégias mais recorrentes são a inseminação artificial em Espanha, em clínicas privadas, mas também a adoção individual, por parte de um dos membros do casal, e os “arranjos informais” entre amigos, explicou a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Algumas das mulheres que foram entrevistadas neste estudo, já fizeram inseminações artificiais em Espanha ou projetam ter um filho recorrendo à inseminação artificial em Espanha, porque no país vizinho é permitida a inseminação em mulheres solteiras ou casadas com outras mulheres, facto que é proibido em Portugal.
Na vizinha Espanha foi aprovada uma lei do casamento com pessoas do mesmo sexo, com acesso à adoção e à procriação medicamente assistida.
Em Portugal é permitido o casamento civil entre duas pessoas do mesmo sexo desde setembro de 2010, altura em que foi publicada a lei em Diário da República.
Esta lei não implica, no entanto, a “admissibilidade legal da adoção, em qualquer das modalidades, por pessoas casadas com cônjuge do mesmo sexo”.
“É difícil calcular o número de casais do mesmo sexo que se encontram na situação”, admitiu a socióloga, referindo, todavia, que “esta população” estabelece este tipo de estratégias variadas e tenta contornar os “obstáculos” legais, porque tem “uma grande ânsia de formar uma família” e ter “direito a ter filhos”.