Açoriano Oriental
Governo vai apreciar "o mais depressa possível" classificação da casa do escritor Dias de Melo
O diretor regional da Cultura dos Açores garantiu hoje que será apreciada "o mais depressa possível" a petição pública que pretende classificar como imóvel de interesse público a casa do escritor Dias de Melo, na ilha do Pico.
Governo vai apreciar "o mais depressa possível" classificação da casa do escritor Dias de Melo

Autor: LUSA/AO Online

“Nós vamos analisar. Ainda não chegou, ainda não temos acesso a essa informação a não ser por aquilo que conhecemos da comunicação social. Quando nos chegar formalmente vamos dar início. Iremos tratar disso o mais depressa possível”, disse à agência Lusa Nuno Lopes, acrescentando que a legislação define regras e critérios para atribuir este tipo de classificações, que têm de ser cumpridas. Um grupo de cidadãos lançou recentemente uma petição pública que apela ao Governo Regional para que classifique como imóvel de interesse público e alvo de proteção a casa do escritor Dias de Melo na ilha do Pico, alegando que esta foi uma das últimas vontades expressas pelo autor antes de morrer. Dias de Melo (1925 – 2008), nascido na Calheta do Nesquim, na ilha do Pico, foi professor, colaborador de jornais e é considerado um dos grandes escritores açorianos, tendo dedicado toda a sua obra ao mar e à baleação. Nuno Lopes admitiu que existe a necessidade de salvaguardar a memória do escritor, mais do que propriamente a qualidade do edifício em questão, considerando que se a casa vier a ser classificada “é preciso ter algum cuidado em relação ao que vai ser a sua utilização futura”. “Se vier a ser classificada permite também a disponibilização de fundos de apoio para a sua reabilitação”, explicou o diretor regional da Cultura, informando que o imóvel consta da última revisão da listagem de imóveis classificados e a classificar na região. O primeiro subscritor da petição, Fernando Ranha, disse à Lusa que o documento, que até sexta-feira tinha reunido cerca de 150 assinaturas, já foi remetida para a Direção Regional da Cultura, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. “Numa das últimas conversas que tive com o Dias de Melo, já no hospital, ele expressou essa vontade, de que a sua casa na Calheta do Nesquim fosse preservada como um polo do Museu dos Baleeiros”, afirmou Fernando Ranha, que foi, também, o último editor do escritor açoriano. Segundo disse Fernando Ranha, o imóvel em questão e a obra de Dias de Melo são “pontos identitários da cultura da baleação nos Açores” e por isso “merecem ambas ser salvaguardadas”. “Tenho sido contactado por universitários de todo o mundo para estudar a obra do Dias de Melo”, revelou o editor do escritor açoriano, que publicou mais de 40 livros de poesia e vários romances, entre os quais a trilogia “Pedras Negras”, “Mar pela Proa” e “Mar Rubro”. A Câmara das Lajes do Pico, concelho de onde é natural Dias de Melo, tenciona entregar à UNESCO, no primeiro trimestre de 2018, a candidatura da cultura baleeira a património da humanidade, processo em preparação há dois anos e assente na história, literatura, música, arquitetura e economia local gerada em torno das baleias.

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