Governo diz apoiar todos os agricultores e não interferir com autonomia das ilhas
19 de jun. de 2023, 13:19
— LUSA/AO online
“[…] O Governo da República apoiou, apoia e
apoiará todos os agricultores do país, sendo do Continente ou das ilhas,
sempre no âmbito das suas competências e nunca se ingerindo na
autonomia dos Governos das Regiões Autónomas”, defendeu o ministério
tutelado por Maria do Céu Antunes, em resposta à Lusa.Nos
últimos meses, o Governo dos Açores, a oposição e os agricultores têm
criticado a exclusão da região dos apoios nacionais para mitigar o
impacto da guerra da Ucrânia e a consequente subida de custos. O
ministério esclareceu que as portarias n.º120-A/2023 e 120-B/2013 não
incluem as regiões autónomas, uma vez que em causa está um apoio
financiado, em exclusivo, pelo Orçamento do Estado (OE) do continente. Assim,
o executivo diz ter atuado em “conformidade e coerência”, procurando
não interferir nas políticas públicas dos Governos regionais.“[…]
Importa referir que nos anteriores apoios extraordinários com verbas
subsidiadas por fundos europeus, a contrapartida nacional foi sempre
assegurada pelos orçamentos regionais no caso dos apoios atribuídos nas
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e o mesmo princípio foi
plasmado neste apoio, como é, aliás, habitual”, sublinhou. O
apoio extraordinário de 2023, criado no âmbito do Pacto para a
Estabilização e Redução de Preços dos Bens Alimentares, define que o
universo dos agricultores a apoiar é o “enumerado no Pedido Único [PU]
de 2022”, o que, conforme destacou o executivo, mereceu a concordância
das confederações e da distribuição. As
Regiões Autónomas não estão enquadradas no PU do Continente, tendo estas
“competência e autonomia para utilizar os seus orçamentos na criação
dos mais variados apoios direcionados ao setor agrícola”. Porém,
o Governo referiu ainda que, desde sempre, tem estado empenhado em
garantir as melhores condições aos agricultores das ilhas, “dentro
daquilo que as suas competências lhe permitem”. Como
exemplificou, no âmbito do novo Quadro Financeiro Plurianual (QFP), a
proposta de envelope financeiro do programa POSEI apresentava um corte
de 28,8 milhões de euros para as regiões autónomas. No entanto, durante a presidência portuguesa do Conselho Europeu, foi possível manter o envelope em 743,47 milhões de euros.Em
2022, na “Medida de Crise”, para mitigar o impacto da guerra da
Ucrânia, o montante disponibilizado da reserva de crise (9,1 milhões de
euros) foi dividido pelo Continente, Açores e Madeira. “Foi
ainda assim com as medidas extraordinárias no âmbito do FEADER [Fundo
Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural], com um envelope de 51,1
milhões de euros que foi distribuído por todo o país, e tem sido assim
com todos os fundos europeus e nas matérias que são competência do
Governo da República”, acrescentou. Na
sexta-feira, a Assembleia dos Açores aprovou por unanimidade uma
resolução da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que integra o Governo Regional,
que exige ao Governo da República a extensão às regiões autónomas dos
apoios nacionais à agropecuária.Na
apresentação da iniciativa, o deputado do PSD/Açores Marco Costa
condenou a “atitude discriminatória” do Governo da República, que exclui
os agricultores açorianos dos apoios nacionais, que incluem um subsídio
de 185 euros por animal no caso de um bovino de leite e de 56 euros em
caso de bovino de carne.Em 07 de junho, o
secretário regional da Agricultura dos Açores já tinha afastado a
hipótese de ser o Orçamento da Região a assegurar os apoios aos fatores
de produção previstos no continente, alegando que é uma responsabilidade
do Governo da República.“Nós não podemos,
neste momento, colocar este assunto ao nível regional, sem antes
resolver a nível nacional. Há uma responsabilidade que não pode passar
para a região. É a responsabilidade da República. Isto é inconcebível”,
afirmou o titular da pasta da Agricultura do executivo açoriano
(PSD/CDS-PP/PPM), António Ventura, numa conferência de imprensa, em
Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.