Açoriano Oriental
Fajãs de São Jorge continuam a servir como despensa da ilha
Na ilha de São Jorge,as tradicionais fajãs mantêm a função de despensa da população, por serem aí são plantados muitos produtos hortícolas e frutícolas, revelou o autor de um livro sobre as fajãs.

Autor: Lusa/AO Online

 

“As fajãs eram de facto a despensa das pessoas de S. Jorge. A ilha é muito alta para produzir as sementeiras de batata, alhos e cebolas. Isso tudo era semeado e plantado nas fajãs”, afirmou, à agência Lusa, Clímaco Ferreira da Cunha, autor do livro “S. Jorge e as suas fajãs”, que é apresentado na quinta-feira, no âmbito das festas concelhias da Calheta.

Uma fajã é um terreno plano, junto à costa, facilmente cultivável e capaz de suportar vários tipos de cultura devido ao seu microclima.

Clímaco Ferreira da Cunha, comerciante reformado, de 72 anos, adiantou que uma grande parte das fajãs da ilha “estão bem tratadas e cultivadas, continuando a despertar muito interesse” por parte da população local e também dos turistas.

Neste seu segundo livro dedicado às tradicionais fajãs de S. Jorge, Clímaco Ferreira da Cunha refere que é habitual, praticamente, toda a gente ter um bocadinho de terra nestes locais tradicionais, que passam de geração em geração.

“Tivemos 76 fajãs em S. Jorge. Não é coisa pouca. Estão ordenadas à volta da ilha. Fiz o ordenamento delas, porque não havia esse trabalho”, afirmou Clímaco Ferreira da Cunha, acrescentando que devido aos sismos de 1980 muitas fajãs, sobretudo as mais pequenas, ficaram sem acessos.

Além de curiosidades, lendas e histórias de pessoas marcantes das fajãs, Clímaco Ferreira da Cunha contabilizou 11 fajãs que possuem ermidas, uma vez que por serem de maior dimensão há pessoas que lá vivem durante todo o ano e a Igreja Católica tem muito peso na ilha.

Segundo disse, só a fajã de Santo Amaro tem quatro ermidas, devido à sua dimensão invulgar, estando aí edificadas várias casas solarengas, um hotel e o único aeroporto da ilha.

Para o autor, as fajãs da Caldeira do Santo Cristo e das Almas são das maiores e mais conhecidas em S. Jorge, mas é a fajã de Além, no lado norte da ilha, a que mais preserva a identidade e características das tradicionais fajãs, já que aí as casas continuam a ser de pedra e o acesso só pode ser feito a pé.

O livro “S. Jorge e as suas Fajãs” tem 226 páginas, sendo que a capa e contracapa foram concebidas pelo próprio autor, que já tem em mente um terceiro livro, desta feita dedicado ao Espírito Santo, já que em S. Jorge existem 22 impérios, todos diferentes.

 

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