Autor: Lusa/AO Online
Sem funcionários suficientes para assegurar o normal funcionamento da escola, Maria Medeiros, 46 anos, funcionária pública há 19, foi das poucas funcionárias que não aderiu à paralisação porque tem o marido desempregado e não pode ver o seu vencimento penalizado, para além do facto da greve de 2016 “não ter resolvido nada”.
João Fontes e Sousa, 19 anos, do 12.º ano de escolaridade, tinha duas aulas programadas, enquanto Maria Melo, de 18, também a frequentar o 12.º ano, concentrava-se no exterior da escola em que deveria ter frequentado hoje três aulas, tal como Júlia Botelho, de 17.
Jorge Augusto, administrador judiciário, declarou à Lusa que nos tribunais dos Açores, a greve “não teve o mesmo impacto” do que uma paralisação convocada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais, tendo os concelhos que registaram maior adesão à paralisação sido Ribeira Grande (de 21 aderiram 11), em São Miguel, e Angra do Heroísmo (de 29 funcionários aderiram 19), na Terceira.
O administrador judiciário declarou que, “em princípio os serviços mínimos serão suficientes para garantir os julgamentos que estão decretados” para hoje.
Nas consultas externas do hospital de Ponta Delgada, vivia-se, apesar da greve, a rotina diária, tendo Ana Isabel Pavão, que é funcionária daquela unidade há 27 anos, conhecimento de colegas que optaram por não trabalhar, e só não fez o mesmo porque “o ordenado já é pouco”, uma vez que “há dez anos que não se sobe de carreira”.
Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), a greve nacional de hoje na Função Pública foi anunciada no início de abril para reivindicar aumentos salariais, pagamento de horas extraordinárias e as 35 horas de trabalho semanais para todos os funcionários do Estado.
O regime das 35 horas foi reposto em julho de 2016, deixando de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE.
A FNSTFPS, afeta à CGTP, é composta pelos sindicatos do norte, centro, sul, regiões autónomas e consulares, e representa 330 mil funcionários.