Açoriano Oriental
Enfermeiros especialistas do Hospital de Ponta Delgada, em protesto
Enfermeiros especialistas do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, concentram-se hoje à porta da maior unidade de saúde dos Açores reivindicando que o seu trabalho diferenciado seja devidamente pago.
Enfermeiros especialistas do Hospital de Ponta Delgada,  em protesto

Autor: Lusa/AO Online

“Os enfermeiros especialistas estão de facto saturados e decidiram dizer basta”, sustentou o presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores, Luís Furtado, em declarações aos jornalistas.

Desde 03 de julho que alguns enfermeiros especialistas se têm recusado a prestar cuidados diferenciados, como protesto contra o facto de não serem pagos como tal.

Questionado sobre o impacto do protesto no Hospital de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, o presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores sustentou que "os serviços estão garantidos para o funcionamento do bloco" operatório, mas manifestou-se preocupado com os "picos de afluência", uma vez que "há uma redução efetiva de 50%".

“Hoje temos duas enfermeiras especialistas no turno da manhã e duas no turno da tarde. Nestes dois turnos elas estão adjuvadas por enfermeiras que são especialistas, mas que não estão a exercer a especialidade, nem estão a prestar cuidados especializados, estão a prestar cuidados gerais na condição de complementaridade”, adiantou.

O dirigente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores disse, no entanto, que "a situação está a ser acompanhada com muita proximidade".

“Não podemos em momento algum ter uma situação de pôr em risco grávidas e recém-nascidos ou os bebés que estão para nascer”, sublinhou, adiantando que teve nota, na terça-feira, da situação de uma parturiente que optou por ir a uma clínica privada, porque, "dado o quadro, a sua opção foi não recorrer ao hospital".

Graça Raposo, enfermeira, afirmou estar a ser prejudicada "em, pelo menos, 1.000 euros" por não ser reconhecida como enfermeira especializada e considerou que a Secretaria Regional da Saúde "tem capacidade para resolver a situação e já o poderia ter feito".

“Há uma injustiça muito grande. A carreira de enfermagem tem sido constantemente desvalorizada”, afirmou, assegurando que a luta é para manter por tempo indeterminado.

Fonte do Hospital de Ponta Delgada adiantou que a unidade de saúde procedeu "a uma avaliação dos recursos (enfermeiros especialistas) que estão abrangidos por esta situação e os que não estão".

Numa nota enviada à agência Lusa, o Hospital indicou que foi realizada "uma reorganização interna ao nível das funções dos enfermeiros do Bloco de Partos para a prestação de cuidados especialistas e generalistas e a uma redefinição de horários/escalas de serviço para julho".

Na nota, o Hospital sublinha que "estas medidas obrigam a uma alteração de rotinas que, não sendo a situação ideal, é a alternativa que a unidade de saúde dispõe para minimizar os efeitos da paralisação" e "atuará de modo a garantir a segurança dos utentes".

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou terça-feira, após um encontro com o secretário de Estado da Saúde, que vai aguardar até finais de agosto por uma proposta da tutela sobre a diferenciação salarial dos especialistas, a qual será discutida no mês seguinte com vista à sua aplicação a partir de 2018

Fonte da Secretaria Regional da Saúde disse à Lusa que não se pronuncia para já.

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