Autor: AO/lusa
Em entrevista à Lusa, a presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), Cristina Casalinho, afirmou que foi uma operação "muito positiva", com "um montante muito significativo" e com uma "grande variedade de investidores quer em termos de tipo quer em termos de geografia", destacando os investidores da Alemanha e as seguradoras.
"Nota-se que há uma progressão. [Olhando para] todas as emissões que têm vindo a ser realizadas desde janeiro de 2013, há uma melhoria progressiva da qualidade dos investidores e uma tendência para a normalização. Progressivamente, voltamos a atrair um tipo de investidores que era a base fundamental de investidores no passado. Não estou a dizer que já lá estejamos, mas há uma tendência regular e consistente nesse sentido", disse a economista.
Cristina Casalinho destacou que o facto de terem sido registadas "cerca de 300 contas em cada uma das emissões" significa que Portugal "não está dependente de um número pequeno [de investidores] e [que] consegue atrair uma variedade muito significativa [de interessados]", considerando que esta é uma das lições que se pode tirar desta crise.
"Uma coisa que se aprendeu na crise é que não se pode depender de um tipo de produto ou de uma linha especificamente nem de um tipo muito particular de investidores", afirmou a presidente do Tesouro português, recordando as palavras da sua homóloga belga, segundo a qual é importante "ter uma gaveta muito grande de produtos e de investidores para utilizar de acordo com as necessidades".
Questionada sobre se pretende realizar mais emissões sindicadas de longo prazo, Cristina Casalinho referiu-se ao programa de financiamento de 2015 para explicar que o IGCP "vai privilegiar sempre uma combinação de sindicatos e de leilões, conjugando previsibilidade com flexibilidade", acrescentando, no entanto, que o foco será a emissão através de leilões de Obrigações do Tesouro (OT).
"Portugal é um emitente pequeno na dimensão europeia. Há uma curva das OT, que é aquela que privilegiamos e é aquela a que pretendemos dar liquidez e em que queremos ser mais regulares", afirmou, acrescentando que "a forma mais tradicional de conseguir liquidez é através de leilões".
Reconhecendo que o recurso aos sindicatos bancários para realizar emissões de dívida é "uma forma que os investidores gostam muito porque têm mais controlo sobre o resultado final", Cristina Casalinho afirmou que ir ao mercado através de sindicatos "é um processo mais pesado e mais caro".
"Leilões vamos de certeza fazer, sindicato depende", argumentou a presidente do IGCP, acrescentando que "ainda é cedo" para dizer quando é que Portugal deverá regressar ao mercado.
No programa de financiamento para 2015, o IGCP assume que a estratégia vai centrar-se na "emissão de títulos de dívida pública nos mercados financeiros em euros com realização regular de leilões de OT" e explicita que "um montante entre os 12 a 14 mil milhões de euros será obtido via emissão bruta de OT, combinando sindicatos e leilões".
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