Açoriano Oriental
Economia atingirá em 2018 valor mais alto de sempre se crescer o previsto

A economia deve atingir no final deste ano os valores mais elevados de sempre, caso cresça ao ritmo estimado pelo Governo, embora analistas contactados pela Lusa admitam que possa avançar mais do que o previsto.

Economia atingirá em 2018 valor mais alto de sempre se crescer o previsto

Autor: Lusa/AO online

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na quarta-feira a primeira estimativa rápida com os valores do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do conjunto de 2017, com a média das estimativas recolhidas pela agência Lusa a apontar para uma taxa de crescimento anual de 2,7%.

"É provável que com o crescimento de 2017 o PIB em termos reais [que exclui os efeitos da inflação] tenha atingido os valores de 2010. Os valores pré-troika, pré-crise orçamental. E, com o crescimento de 2,2% para 2018, vamos finalmente superar os valores de 2007 e 2008 que são historicamente os valores mais altos da economia portuguesa. Finalmente ao fim de 10 anos vamos superar esses valores", disse à agência Lusa António Ascensão da Costa, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Segundo dados do INE e tendo em consideração um crescimento real de 2,7% no conjunto de 2017 e de 2,2% na totalidade deste ano, a economia deverá ultrapassar os 183.000 milhões de euros no final deste ano, o valor mais elevado da série, sendo que o máximo histórico anterior de 181.506,6 milhões tinha sido atingido em 2008.

Embora o Grupo de Análise Económica do ISEG não tenha ainda uma estimativa para o crescimento anual de 2018, António Ascensão da Costa considera que a estimativa do Ministério das Finanças e da Comissão Europeia (de um crescimento de 2,2%) é "um pouco pessimista".

"Com os indicadores atuais, com a expectativa de que a zona euro tenha um crescimento bastante mais forte, não vejo porque é que o crescimento da economia portuguesa não possa ser superior a 2,2%" em 2018, afirmou o economista.

"Digamos que o Ministério das Finanças agora joga nos valores pessimistas para ser surpreendido em termos positivos", ironizou.

Também o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica estima um crescimento económico de 2,4% este ano, superior em 0,2 pontos percentuais ao do Governo.

"Na prática é uma continuação da recuperação que vem desde 2013: pela primeira vez temos um período relativamente longo de uma recuperação continuada e se não houver nenhum soluço na economia mundial e, por razão indireta, na economia da zona euro, o normal é que esta recuperação cíclica da economia portuguesa continue ainda durante este ano e no próximo ano", disse João Borges de Assunção, professor da Católica.

Questionado sobre os fatores negativos que podem fazer abrandar o ritmo de crescimento do PIB português, João Borges de Assunção destacou o elevado endividamento da economia, o que pode limitar o recurso ao crédito para investir, bem como a subida das taxas de juro.

"Apesar de tudo, há muitos anos que não iniciávamos um ano com perspetivas para tão positivas, superiores a 2%, é um cenário a que não estávamos habituados no início do ano, que surgia talvez no fim. Esse é que é o traço mais importante da atual conjuntura", destacou João Borges de Assunção.

Por sua vez, o economista-chefe do Montepio, Rui Bernardes Serra, apresenta uma estimativa alinhada com a do Governo e, embora admita que as taxas de crescimento face ao histórico recente da economia portuguesa são "relativamente elevadas", se forem comparadas com Espanha "são relativamente baixas".

"Se nós enquanto país quisermos continuar a convergir com a média da União Europeia temos de sistematicamente crescer acima da média da União Europeia. E nesse sentido ter crescimentos acima dos 2%, que ainda estimamos para 2018. O desafio será nos anos seguintes ter crescimentos dessa ordem", apontou.

Segundo as previsões de outono da Comissão Europeia, Portugal deverá crescer ligeiramente abaixo da média da zona euro (2,3%) e da União Europeia (2,3%).


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